
Imagine a seguinte situação, caro leitor: dois amigos seus, ou amigas, deixam o local de trabalho naquilo que é conhecido como "happy hour" e se dirigem a uma churrascaria. Assim como você, várias outras pessoas acertam que se encontrarão por lá, mas que não irão imediatamente. As duas pessoas que chegaram primeiro ao lugar combinado, desde o princípio se põem a consumir. Carne, petiscos diversos, chopp, cerveja, uísque... Você é o quinto a chegar (um casal já havia se somado às duas primeiras pessoas) e percebe que, logo após sua chegada, um dos que ocupavam a mesa simplesmente desapareceu. Pouco depois, tempo suficiente para chegarem outras três pessoas, você se dá conta de que o segundo ocupante original da mesa também saiu de fininho. Eis que, passados mais alguns minutos, o casal chama o garçon e deixa com ele um determinado valor em dinheiro. Você olha de esguelha e percebe que o valor deixado é claramente inferior ao consumo, mas, constrangido, não se manifesta. Pouco depois do momento em que chegaram os dois últimos convidados, você e os três restantes já haviam decidido encerrar a farra. Os quatro deixam a mesa, desta vez com contribuições mais próximas ao que realmente consumiram, mas os dois últimos, desavisados, que mal desfrutaram do lugar, não tardam a descobrir que herdaram uma conta enorme de três "gerações" de "farristas". E pagam, pois a churrascaria não quer saber disso. Lindo, não? Então fique sabendo que o papel prestado pela geração atual (óbvio que principalmente pelos mais abastados, mas extensivo em diferentes graus a toda aquela que se convencionou chamar "sociedade de consumo") é idêntico aos do par de caloteiros. Sendo que o calote está sendo aplicado sobre os jovens e crianças de hoje em dia, sobre as próximas gerações, sobre (caso você já seja mãe, pai, avô ou avó) seus próprios filhos e netos.