segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Eólicas: para quem, para quê, como?

Eólicas no Ceará seguem no sentido oposto ao esperado em
relação às renováveis: promovem conflitos com as comuni-
dades costeiras, devastam dunas e aterram lagoas, um enor-
me desserviço, inclusive à causa da busca de tecnologias
que podem ajudar a nos livrar do impasse fóssil.
Há poucos dias, uma pessoa muito querida, minha "filhota acadêmica" Juliana Oliveira, publicou a foto ao lado, que acredito tenha sido tirada lá pelo litoral de Trairi, que tem as belas praias de Mundaú, Flecheiras, Guajiru... Juliana trabalhou comigo no seu mestrado, avaliando precisamente a possível influência da variabilidade climática interanual sobre a geração eólica. Concluiu que relações bem conhecidas entre o estado dos oceanos tropicais e a chuva sobre o norte do Nordeste (que se concentra em poucos meses do primeiro semestre) também aparecem em relação aos ventos. Anos com El Niño no Pacífico e/ou "dipolo positivo" no Atlântico (a grosso modo, quente ao norte e frio ao sul), geralmente secos, tendiam produzir ventos mais intensos no primeiro semestre, acontecendo o contrário em anos com La Niña e/ou "dipolo negativo" (quem tiver curiosidade, o trabalho está acessível neste link). A expectativa de trabalhos como esse, claro, era o de subsidiar a implantação de fontes de energia renováveis em nossa região, mas...

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Publicado pelo OPOVO: "Não basta banho curto, nem reza para São Pedro"

Em intervenção realizada na Praça do Ferreira, promovida pelo
Fórum aberto "Ceará no Clima".
Nesta terça-feira, 09 de dezembro, o jornal OPOVO publicou um artigo enviado para lá de minha autoria, que republico aqui em meu blog.

Para entender melhor o contexto, recomendo a leitura de duas outras publicações do mesmo veículo de comunicação: a primeira, artigo assinado pelo vereador de Fortaleza Acrísio Sena; a segunda, matéria do próprio jornal, em que Camilo Santana, governador eleito do estado do Ceará, declara seu apoio (e, portanto, provável continuidade) à política de recursos hídricos de seu antecessor, Cid Gomes, perdendo-se, porém, no populismo, ao revelar rezar diariamente para São Pedro para que caiam chuvas sobre o estado.

Segue o artigo:
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sábado, 6 de dezembro de 2014

Quinze 2.0: Reservatórios cearenses continuam a secar

Imagem de satélite, destacando a Zona de Convergência
Intertropical, que, quando posicionada mais ao sul, produz
chuvas sobre o norte do Nordeste Brasileiro.
Com raras exceções (como foi o caso de 2004, em que um sistema de vórtice permaneceu praticamente estacionário sobre o estado por vários dias), a maior parte dos reservatórios do Ceará não costuma acumular quantidades significativas de água durante o período da chamada pré-estação (dezembro e janeiro). Em determinadas circunstâncias, somente em plena estação chuvosa é que a tendência ao declínio (por consumo, evaporação e outras perdas) se reverte e, em alguns casos de anos secos, mesmo no período mais chuvoso (março e abril, quando predomina a influência da Zona de Convergência Intertropical), isso sequer acontece, havendo apenas uma estabilização do volume armazenado ou uma desaceleração do ritmo de perdas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Acordo bilateral EUA-China: Porque é preciso ir (muito) mais fundo/

Maiores emissores de CO2, EUA e China celebrara um
acordo bilateral. Qual o significado disso para o clima?
Concedi ao Instituto Humanitas Usininos a seguinte entrevista, em que expresso meu ponto de vista sobre os limites e problemas do acordo climático que EUA e China celebraram.

Não acho que tal acordo seja suficiente para resolver a crise climática. Longe disso.

Também não acho que ele signifique o início de uma ampla tomada de consciência pelos governos mundiais. Antes me parece uma tentativa dos dois maiores emissores de garantir seu protagonismo, numa "solução controlada" para a crise, em que geopolítica e economia globais permaneçam sob controle, mas que de modo algum é suficiente para evitar que o sistema climático saia de controle.

Mas ao mesmo tempo não creio que ele seja algo a se desprezar. Ao ensaiar medidas que fogem à regra do "business-as-usual" (vulgarmente conhecido como "tô nem aí"), esse acordo pode abrir o flanco para que a pressão conjunta do movimento ambientalista, de povos originários e comunidades tradicionais, de países insulares e países pobres mais atingidos (agora e/ou potencialmente no futuro) e da comunidade científica e acadêmica ganhe mais impulso e mobilizações como a marcha dos 400 mil em Nova Iorque se multipliquem.

Segue a entrevista:

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Brasil Seco: o que a Superinteressante não mostrou. Parte II - A Entrevista de Deborah Danowski

Professora Deborah Danowski, do De-
partamento de Filosofia da PUC-RJ
A reportagem "O Brasil Secou" publicada pela Revista Superinteressante foi construída, em boa parte, com a contribuição de pesquisadores através de entrevistas. Estas constituem um material riquíssimo, do qual as menções na reportagem são apenas uma fração muito pequena. Como já publiquei a íntegra de minha entrevista, passo a palavra agora para a pesquisadora e filósofa Deborah Danowski, professora do Departamento de Filosofia da PUC-RJ e que publicou, recentemente, ao lado de seu companheiro Eduardo Viveiros de Castro, o livro "Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins". Uma das organizadoras do simpósio "Os Mil Nomes de Gaia", Deborah tem sido uma crítica profunda do modo de vida engendrado pelo capitalismo contemporâneo e confrontado sem meio-termo o negacionismo climático. Vejam o que ela diz sobre crise ecológica, mudanças climáticas e "fim do mundo"!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Corporações petroquímicas versus Países. Quem manda em quem?

A Forbes atualizou a lista das maiores companhias. E nenhuma surpresa. Das 11 maiores em faturamento, 7 são do ramo petroquímico (Shell, Sinopec, Exxon, BP, Petrochina, Total e Chevron), 2 do ramo automobilístico (Volkswagen e Toyta), uma do comércio (Wal-Mart) e uma de mineração (Glencore). Das 6 maiores, 5 são petroquímicas.

As petroquímicas, ramo predominante nessa lista, são um caso a parte, pois está claro e evidente o quão destrutivo, danoso, nocivo, deletério é o nseu egócio. Explorar petróleo, com vazamentos e outros acidentes devastadores e, principalmente, com a desestabilização do sistema climático terrestre é algo que já deveria fazer parte do passado da humanidade.

Brasil Seco: o que a Superinteressante mostrou... e o que ela não mostrou.

O terceiro chimpanzé
está assando o planeta
Na edição da Super Interessante do mês anterior fomos citados Antônio Donato Nobre, Déborah Danowski, Eduardo Viveiros de Castro e eu, numa boa matéria, da jornalista Camila Almeida, intitulada "O Brasil Secou". Não sei como foi com os demais, mas em meu caso, a frase curta a mim atribuída foi, na verdade, extraída de um diálogo bem mais longo.

Como tento fazer na maioria dos casos, ainda que isso me renda um bocado de trabalho, preferi responder por escrito. Os jornalistas, mesmo os mais competentes, de mais boa fé e compromisso com a boa informação, vivem sob forte pressão produtivista e, claro, não se pode exigir deles pleno domínio da temática do clima. A resposta escrita reduz as dificuldades impostas por essas barreiras e, via de regra, garante um repasse mais fidedigno de informação. Fica, portanto, o convite para acessar o link acima e ver o que a Super mostrou, bem como a ler a entrevista completa abaixo e ver o que ela não mostrou.

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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