A grande notícia global da semana passada foi que o limite de 400 ppm de CO2 atmosférico foi atingido, graças à incessante queima de carvão, petróleo e gás. É um momento adequado para lembrar que somente 1/5 das reservas fósseis pode ser extraída sem que ultrapassemos o já perigoso patamar de 450 ppm. Também para lembrar que já hoje e para além desse limite climático, extração e transporte de óleo em mares profundos, florestas, envolve riscos ambientais cada vez maiores. Desastre global e desastres locais se combinam e se misturam numa única agressão ao sistema terrestre.Algo que deveria ser a grande manchete nacional, mas é convenientemente escondido pela mídia, é o retorno à cena da privatização do petróleo no Brasil. E em "grande estilo", com uma rodada de licitação gigantesca, sendo leiloados 289 blocos, que equivalem a 155,8 mil quilômetros quadrados de área distribuídos por 11 bacias (166 estão no mar, sendo 94 em águas profundas e 72 em águas rasas, enquanto os restantes 123 estão em terra). Isto é quase o dobro do número de blocos colocados a leilão durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso (154) e, estima-se, equivale a nada menos do que 30 bilhões de barris de petróleo, duas vezes as reservas controladas pela Petrobrás.
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| Barris da Chevron-Texaco, abandonados em plena Amazônia Equatoriana |
Capitalistas irresponsáveis contam dólares e eles nunca abrirão mão de lucrar, extraindo e queimando os combustíveis fósseis, independente das consequências futuras. Como resume Rex Tillerson, CEO da ExxonMobil, do alto de seus 40 milhões de dólares em salário, "minha filosofia é ganhar dinheiro, e se for possível perfurar e ganhar dinheiro, é isso que vou fazer". Já governantes que se importam com as futuras gerações têm de contar carbono e é preciso entender quão absurdos são os leilões brasileiros do petróleo neste contexto, sendo lamentável a impostura do Governo Brasileiro, que simplesmente ignora a legislação nacional sobre clima, que prevê que "serão tomadas medidas para prever, evitar ou minimizar as causas identificadas da mudança climática com origem antrópica no território nacional".
Ora, a queima dos combustíveis fósseis extraídos são, de acordo com o consenso científico, a principal cauda das mudanças climáticas! A cada 2 bilhões de toneladas de carbono fóssil queimados, acrescenta-se cerca de 1 ppm de CO2 na atmosfera e isto equivale a pouco mais de 15 bilhões de barris de petróleo. Se em um único leilão, um único País entregar 30 bilhões de barris de petróleo, estará dando permissão à indústria de combustíveis fósseis adicionar quase 2 ppm de CO2 na atmosfera. É isto que o Governo Brasileiro está se propondo a fazer hoje, 14 de Maio de 2013, 5 dias após o recorde de 400 ppm!
Com apenas 5 leilões como esse, um único País pode ser responsável por elevar em 10 ppm a concentração de CO2 atmosférico. Outro leilão, desta vez com o petróleo do pré-sal, já está marcado para Novembro. Se apenas 5 outros países seguirem o mesmo curso, estaremos comprometendo a emissão de 50 ppm de CO2 para a atmosfera num estalar de dedos. Vai-se a 450 ppm, o que equivale provavelmente, ao perigoso aquecimento de 2°C, capaz de derreter a calota polar do Ártico, liberar enormes quantidades de metano do permafrost, acidificar os oceanos ao ponto de dizimar a maior parte dos corais e promover grande mortandade de moluscos, ampliar a incidência de ondas de calor e incêndios florestais, exacerbar ainda mais eventos extremos.Os leilões do petróleo vão na contramão desse processo em seu todo e em cada mínimo detalhe! Clima e ambiente não rimam com lucro, tampouco direitos dos trabalhadores e das comunidades e povos tradicionais!Nosso País não pode ser cúmplice dessa tragédia anunciada! A saída é simples: o Brasil deve cancelar todos os leilões do petróleo, retornar ao monopólio da Petrobrás e explorar e utilizar os combustíveis fósseis somente na medida do que é seguro para o ambiente e o clima. Somente nas mãos de uma Petrobrás 100% pública, democrática, submetida ao poder decisório das comunidades locais, sejam pescadores, indígenas, com petroleiros bem remunerados, com direitos respeitados, livres de coação e conscientes da bomba ambiental e climática que têm em suas mãos, poderemos estar seguros.


olá alexandre,estive com vc no sesc na aquasis
ResponderExcluircomo falei tenho uns documentarios p lhe passar
olha esse aqui
http://www.youtube.com/watch?v=xYXQlUBo01s
att,
Nik Coelho