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Anomalia de temperatura (acima) e CO2 atmosférico (abaixo). Fonte: Nature (http://tinyurl.com/7dg43p6) |
A resposta depende evidentemente da referência, pois durante o Plioceno (período entre cerca de 2 e 5 milhões de anos), as variações no CO2 atmosférico eram bem mais lentas do que hoje em dia. Se tomarmos a velocidade com a qual tem de variado a forçante radiativa (conceito explicado em mais detalhes em alguns textos do meu blog), o paralelo mais próximo está bem mais distante: há cerca de 55 milhões de anos. É muito, mas somente nesse período, conhecido como o máximo térmico do Paleoceno-Eoceno, emissões naturais de gases de efeito estufa são comparáveis às emissões antrópicas do presente, segundo diversas referências, sumarizadas nesta seção do 4º Relatório do IPCC. Durante esse evento, que aparece claramente em registros paleoclimáticos de mais alta resolução, a temperatura subiu vários graus durante um rápido intervalo de tempo (do ponto de vista geológico), da ordem de poucos milhares de anos. Acredita-se que a liberação de metano aprisionado em clatratos tenha sido a principal razão desse desequilíbrio no sistema climático com rápido aquecimento, mostrando novamente duas coisas: primeiro, que o sistema climático responde a qualquer que seja a forçante que sobre ele atue; segundo, que esse sistema é bastante sensível no que diz respeito a uma resposta significativa (em termos de elevação de temperatura e outros parâmetros) a variações da forçante radiativa, particularmente as associadas a mudanças na composição química da atmosfera em termos da concentração de gases de efeito estufa. Esse momento da história geológica terrestre já é tão distante que, se os 55 milhões de anos fossem reduzidos a somente um, a Revolução Industrial equivaleria a 3 décimos de segundo, o tempo médio de um piscar de olhos, que comumente dura entre 100 e 400 mili-segundos.
Branqueamento e morte de corais e corrosão de conchas, inibição de crescimento e morte de pequenos moluscos podem trazer um efeito devastador para o equilíbrio do ecossistema marinho global. |
58 mili-segundos. É menos do que um piscar de olhos... Há que abri-los, portanto, já!
Dieter Lüthi, Martine Le Floch, Bernhard Bereiter, Thomas Blunier, Jean-Marc Barnola, Urs Siegenthaler, Dominique Raynaud, Jean Jouzel, Hubertus Fischer, Kenji Kawamura & Thomas F. Stocker
Nature 453, 379-382 (15 May 2008)
Bärbel Hönisch, Andy Ridgwell, Daniela N. Schmidt, Ellen Thomas, Samantha J. Gibbs, Appy Sluijs, Richard Zeebe, Lee Kump, Rowan C. Martindale, Sarah E. Greene, Wolfgang Kiessling, Justin Ries, James C. Zachos, Dana L. Royer, Stephen Barker, Thomas M. Marchitto Jr., Ryan Moyer, Carles Pelejero, Patrizia Ziveri, Gavin L. Foster, Branwen Williams. Science. March 2012: Vol. 335 no. 6072 pp. 1058-1063. DOI: 10.1126/science.1208277
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