terça-feira, 27 de outubro de 2015

Furacão Patrícia: amostra das tempestades de um planeta cada vez mais superaquecido

"Cogumelo" atômico sobre
Hiroshima

Hoje temos 43% mais CO2 do que na era pré-industrial (os famigerados 400 ppm) e mais do dobro do metano. Isto já aqueceu o planeta em praticamente 1°C. A cada segundo, em função do excesso desses e outros gases de efeito estufa na atmosfera, produzidos pelas atividades humanas (queima de combustíveis fósseis para energia e transporte, desmatamento, agropecuária), o sistema climático terrestre acumula o equivalente à energia de 4 bombas de Hiroshima. É uma quantidade formidável.

Nada menos do que 93% desse calor extra é armazenado nos oceanos. Ele é, então, passado à atmosfera de várias maneiras: em enorme quantidade, mas de forma relativamente lenta, como quando da ocorrência de El Niños muito intensos como os de 1997/1998 e, agora, o de 2015/2016; ou de forma explosiva, através de ciclones tropicais: os furacões e tufões. Esta última parece ser uma forma particularmente eficiente para oceanos superaquecidos se livrarem de suas "bombas de Hiroshima", afinal, a cada segundo, um grande furacão libera energia equivalente a 10 delas.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

A "outra" bomba de carbono: nossa dieta. Parte II - Churrasco de Planeta

Apesar do "pum" emblemático, a maior
parte do metano produzido pelos rumi-
nantes sai mesmo é pela boca...
Inicio este segundo artigo da série, destacando, dos dados mostrados em artigo anterior, o fato de que cerca de 4% das emissões globais de gases de efeito estufa se devem única e exclusivamente à fermentação entérica, havendo fortes indícios de que a ampla maioria dessas emissões se deva ao gado bovino (de corte e leiteiro). É algo da ordem de 2 bilhões de toneladas de CO2-equivalente, mesmo sem considerar todos os outros aspectos ligados à pecuária: do desmamento à decomposição de esterco, do uso de fertilizantes para o pasto ao transporte de insumos e, claro, do próprio produto.

É esse aspecto que faz com que - exclusivamente do ponto de vista climático, sem incluir ainda outros aspectos socioambientais - a carne bovina seja provavelmente a pior escolha possível como fonte protéica. Unindo dados da FAO com informações da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCAUSP), chega-se à conclusão de que ela é disparadamente a mais carbointensiva.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A "outra" bomba de carbono: nossa dieta. Parte I - Devorando a Terra

No Mandir, debatemos o papel da nossa
dieta nas mudanças do clima global
Como parte das iniciativas do tipo "roda de conversa" que estamos denominando de "Entrando no clima", no último dia 30 de Setembro estivemos no Restaurante Mandir, para debater o vínculo entre alimentação e as mudanças climáticas. Além da minha fala, houve intervenções do Vaikuntha Prasada, nosso anfitrião, do Roberto Araújo e da Neila Santos, o primeiro especialista em gastronomia e a segunda vinculada à agroecologia, que abordaram respectivamente aspectos cultural e social da produção de alimentos. Aproveito esta postagem para repassar um pouco da discussão que fizemos por lá e ampliá-la em alguns aspectos.

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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