domingo, 30 de novembro de 2014

Por uma Revolução Energética

Imagem de intervenção feita em uma das principais praças de
Fortaleza, para debater sobre crise hídrica, mudanças
climáticas e questão energética.
Às vésperas da vigésima edição da Conference of the Parties, a COP-20, em Lima, tenho discutido prioritariamente, em nosso blog, sobre a crise hídrica, uma expressão bastante significativa da combinação de mudanças climáticas globais, alterações ambientais locais e regionais (como o desmatamento amazônico) e políticas hídricas voltadas para o atendimento dos interesses mais imediatos de grandes corporações capitalistas (não somente a privatização da água, mas o seu fornecimento - geralmente subsidiado - ao agronegócio, à grande indústria, usinas termelétricas, mineração etc.). Mas isso não significa que tenhamos esquecido outros gargalos fundamentais, particularmente o vínculo entre energia e clima A questão energética também tem se agravado, globalmente e no Brasil, e nesta publicação me proponho a analisar alguns aspectos dessa relação, bem como apresentar elementos da "revolução energética" que considero urgente e necessária.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Nossas vidas valem mais do que os seus lucros!


Marcha com quase 400 mil pessoas em Nova Iorque, com
forte protagonismo dos povos indígenas, pode ser o novo
tom de uma mobilização global em defesa do clima.
(Declaração da Rede Internacional Ecossocialista frente a COP20 em Lima, Peru, Dezembro de 2014)

" A crise climática iminente que enfrentamos hoje é uma grave ameaça para a preservação da vida no planeta. Muitos estudos acadêmicos e declarações políticas confirmam a fragilidade da vida na Terra em função da mudança de temperatura. Apenas alguns graus podem causar - e estão a causar - uma catástrofe ecológica de consequências incalculáveis. Agora mesmo estamos experimentando os efeitos mortais desta situação. O derretimento do gelo, a contaminação da atmosfera, o aumento do níveis do mar, a desertificação e aumento da intensidade dos fenômenos meteorológicos são a prova. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Pena Branca e a Velha a Fiar

Cena de "A Velha a Fiar", curta-metragem de 1964
"O gato no rato, o rato na aranha, a aranha na mosca, a mosca na velha e a velha a fiar"

A "Velha a Fiar" é uma canção popular, que inspirou um curta-metragem brasileiro de 1964 com direção de Humberto Mauro, tendo como trilha a canção, interpretada pelo Trio Irakitan.

Começando por uma interação simples, entre a velha senhora e uma mosca, que lhe tira o sossego, a música segue - de certa forma até irritante - concatenando outros elementos: a aranha, que importuna a mosca; o rato, que incomoda a aranha etc.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O Quinze 2.0? Ataque da Hidra Ilógica sobre o Ceará

"(...) E se não fosse uma raiz de mucunã arrancada aqui e além, ou alguma batata-branca que a seca ensina a comer, teriam ficado todos pelo caminho, nessas estradas de barro ruivo, semeado de pedras, por onde eles trotavam trôpegos se arrastando e gemendo (...)"
(Rachel de Queiroz, em "O Quinze")

Açude Pentecoste, de grande porte, que
abastece a cidade de mesmo nome e no
qual a pesca era abundante hoje está com
apenas 1,7% da capacidade (dado do
Portal Hidrológico do Estado do Ceará)
e operando no volume morto.
Há pouco menos de um mês, a mídia começou a dar repercussão a algumas denúncias que estamos fazendo há muito tempo, sobre o escândalo da política de recursos hídricos no estado do Ceará, que chegou, nas eleições deste ano, incluindo o seu segundo turno, a ser citada como "modelo" em contraponto ao que todos e todas sabemos se tratar de um descalabro completo que é a gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo. Nesse contexto, se insere uma matéria da Tribuna do Ceará, na qual sou mencionado, mas em que é dado muito mais destaque a réplicas nada verdadeiras por parte dos dirigentes da COGERH (Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos). Sinto-me na obrigação de contestar várias das informações que ali aparecem e fortalecer a denúncia que fiz. Afinal, a crise hidrológica aqui no Nordeste, ou em São Paulo, na China ou na Califórnia, é uma das vertentes da Crise Climática que, como bem colocou Rajendra Pachauri, principal dirigente do IPCC, atingirá mais cedo ou mais tarde a todo e qualquer ser humano (o próprio relatório do IPCC, como discutimos no nosso blog, é claro: os mais pobres são os mais vulneráveis e os impactos da mudança climática estão entrelaçados às diferenças sociais e às opressões de classe, de nação, de gênero, de etnia). As outras, vertente incluem os furacões e tufões mais severos, a acidificação dos oceanos, o degelo das calotas polares, tempestades e enchentes mais vigorosas, ondas de calor recorde, incêndios florestais em cada vez maiores proporções, etc.

domingo, 16 de novembro de 2014

Eduardo Viveiros contra o Negacionismo e o "Indiferentismo", em Defesa da Ciência do Clima

Não adianta torcer o nariz. Mesmo se você não concorda com suas teorias e posições político-ideológicas, eu sei que você admite que ele é um dos grandes pensadores brasileiros do presente. Falo de Eduardo Viveiros de Castro, ao mesmo tempo antropólogo de contribuição absolutamente original e ativista das causas indígenas, ambientais e libertárias e que fez um movimento interessante nos últimos anos: o de estabelecer um forte diálogo fora do ambiente acadêmico, usando especialmente as redes sociais. Nas palavras de ninguém menos do que Claude Lévi-Strauss, Eduardo é "fundador de uma nova escola na antropologia" e o tom de sua crítica sistêmica é evidente ao afirmar peremptoriamente que “a escravidão venceu no Brasil; nunca foi abolida” e que “o capitalismo sustentável é uma contradição em seus termos”. Com as temáticas indígena e climática se tornando cada vez mais uma coisa só e ambos habitando o ambiente virtual (eu mesmo já havia iniciado uma incursão via tweeter, antes mesmo de me decidir por criar este blog e a nossa página no Facebook), o encontro, primeiro virtual, depois real, era uma questão de tempo. Mentor ao lado de Déborah Danowski do interessantíssimo "Os Mil Nomes de Gaia", em que se conseguiu reunir pessoas de áreas tão diversas quanto Climatologia e Sociologia, Antropologia e Agronomia, para mim é uma honra contar com uma muito oportuna publicação do Eduardo aqui em nosso blog, sobre o negacionismo climático. Com a palavra, o xamã:

sábado, 8 de novembro de 2014

Tacloban, um ano depois

Há um ano atrás, ventos de mais de 300 km/h, as chuvas torrenciais e uma brutal "onda (ou maré) de tempestade" de 4 metros (quantidade enorme de água arrastada pelos ventos de grandes tormentas para dentro do continente) punha abaixo uma cidade de mais de 200 mil habitantes, capital de uma das províncias das Filipinas: Leyte, na ilha de mesmo nome. Foram 6201 mortos na tragédia.

O governo local ficou desestruturado e incapaz de agir, sem local de funcionamento, em meio a uma cidade sem energia elétrica, sem comunicações, sem serviço de água ou esgoto e com cadáveres espalhados por toda parte. Após um sobrevoo, um militar dos EUA descreveu, em choque: "não consigo encontrar uma única estrutura da cidade, um único prédio, uma única casa, que não tenha sido, quando não completamente destruída, pelo menos severamente danificada".

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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