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segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Gaia, a Incensurável

Nesta semana, uma cientista da Northeastern University recebeu uma mensagem do Departamento de Energia dos EUA em que lhe foi solicitado que fossem retiradas do resumo do projeto por ela submetido (e aprovado para financiamento) as palavrinhas mágicas “climate change” (mudança climática). Na verdade, o e-mail do(a) funcionário(a) é bastante explícito, pois fala abertamente da necessidade de literalmente “remover” termos como “climate change” e “global warming” (aquecimento global), a fim de se adequar a “restrições orçamentárias da Presidência”. A pesquisadora publicou um print desse e-mail em sua página pessoal no Facebook, mas retirou posteriormente. Nele, aparecia o resumo original, que mostra que a pesquisa está voltada para o comportamento dos “sapais” (ecossistema costeiro alagado pela água salgada) em condições de excesso de nitrogênio, o que poderia comprometer a sua capacidade de sequestro de carbono e até, no processo de decomposição, fazer com que eles liberem CO₂ e intensifiquem o efeito estufa.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Furacão Patrícia: amostra das tempestades de um planeta cada vez mais superaquecido

"Cogumelo" atômico sobre
Hiroshima

Hoje temos 43% mais CO2 do que na era pré-industrial (os famigerados 400 ppm) e mais do dobro do metano. Isto já aqueceu o planeta em praticamente 1°C. A cada segundo, em função do excesso desses e outros gases de efeito estufa na atmosfera, produzidos pelas atividades humanas (queima de combustíveis fósseis para energia e transporte, desmatamento, agropecuária), o sistema climático terrestre acumula o equivalente à energia de 4 bombas de Hiroshima. É uma quantidade formidável.

Nada menos do que 93% desse calor extra é armazenado nos oceanos. Ele é, então, passado à atmosfera de várias maneiras: em enorme quantidade, mas de forma relativamente lenta, como quando da ocorrência de El Niños muito intensos como os de 1997/1998 e, agora, o de 2015/2016; ou de forma explosiva, através de ciclones tropicais: os furacões e tufões. Esta última parece ser uma forma particularmente eficiente para oceanos superaquecidos se livrarem de suas "bombas de Hiroshima", afinal, a cada segundo, um grande furacão libera energia equivalente a 10 delas.

sábado, 8 de novembro de 2014

Tacloban, um ano depois

Há um ano atrás, ventos de mais de 300 km/h, as chuvas torrenciais e uma brutal "onda (ou maré) de tempestade" de 4 metros (quantidade enorme de água arrastada pelos ventos de grandes tormentas para dentro do continente) punha abaixo uma cidade de mais de 200 mil habitantes, capital de uma das províncias das Filipinas: Leyte, na ilha de mesmo nome. Foram 6201 mortos na tragédia.

O governo local ficou desestruturado e incapaz de agir, sem local de funcionamento, em meio a uma cidade sem energia elétrica, sem comunicações, sem serviço de água ou esgoto e com cadáveres espalhados por toda parte. Após um sobrevoo, um militar dos EUA descreveu, em choque: "não consigo encontrar uma única estrutura da cidade, um único prédio, uma única casa, que não tenha sido, quando não completamente destruída, pelo menos severamente danificada".

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Viagem ao Mundo de 400 ppm

Abril de 2014: a média mensal, bem como todas as médias
semanais e medidas diárias em Mauna Loa, sítio de medidas
de CO2 que funciona desde 1958, acima de 400 ppm, fato
absolutamente inédito (quando as medidas se iniciaram, os
valores giravam em torno de meros 315 ppm).
Os dados de Mauna Loa (disponíveis no site do Scripps e no site da NOAA) estão a cada dia com "cara mais feia". A medida diária recorde ainda é de 01/05/2014: 403,1 partes por milhão (ppm), mas tem tudo para ser batido. Também deve ser superada a média mensal de Abril (401,3 ppm), já que a média mensal de CO2 neste mês de Maio será, com certeza, novo recorde, provavelmente acima de 402,5 ppm. É quase certo também que, este ano, teremos 3 meses com concentração de CO2 acima de 400 ppm, pois o mês de Junho deve fechar com algo em torno de 401,5 ppm (em Abril, já tivemos média de 401,3 ppm).

Em Julho, seguindo o ciclo anual, essa concentração deve descer abaixo de 400 ppm, para fechar, ao fim de 2014, numa média anual recorde próximo a 399 ppm (ou até acima!). 2015, assim, deverá ser o primeiro ano para o qual a média deverá superar 400 ppm.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Supertufão Haiyan: dentro de cada nova tempestade violenta está o DNA da indústria de combustíveis fósseis e do capitalismo

Imagem de satélite mostrando o
disco terrestre e o tufão Haiyan
Este texto de minha autoria foi escrito originalmente em língua inglesa, e foi inicialmente publicado, em sua versão completa e em uma versão reduzida, em diversas páginas da internet dedicadas à luta contra a mudança climática e pelo ecossocialismo, incluindo, Campaign against Climate ChangeInternational Viewpoint, Socialist Resistance. Reproduzo-o agora em meu blog, 


No momento em que escrevia este artigo, nas Filipinas, a contagem dos mortos atingia 4000 pessoas e continuava a crescer [1], 12 dias após o Supertufão Haiyan (também chamado de "Yolanda") atingiu aquele país com o poderio de ventos sustentados de 310 km/h e rajadas que chegaram a 375 km/h. Ele foi classificado como de "Categoria 5", a classe das tempestades mais poderosas, usando a escala atualmente adotada para classificar furacões [2]. No entanto, com ventos tão fortes, se uma nova classe fosse adicionada à escala oficial, Haiyan certamente seria classificado como "Categoria 6". Ele foi reconhecido como uma das tempestades mais violentas a atingir assentamentos humanos em todos os tempos. Juntamente com os ventos intensos, a inundação provocada pela tempestade provocou imediatamente uma quantidade enorme de danos materiais e perda de vida. Muitas centenas de milhares de pessoas ficaram desabrigados; muitos foram transformados em órfãos/órfãs e viúvos/viúvas.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Para fugir de uma dupla roleta russa, um outro "Programa de Transição"?

Entre erros e acertos, o revolucionário russo
Leon Trótsky imaginou como estabelecer uma
ponte entre as lutas mais imediatas e uma
batalha de mais longo prazo. Era uma questão
de garantir sobrevida, quase de ganhar tempo.
Não, ele não se referia ao clima.
A roleta russa é um exemplo bastante claro de probabilidades. Uma bala em um cilindro com seis espaços nos dá uma chance em seis para um desfecho mortal (ou cinco chances em seis de sobrevivência). Algumas versões dão contas de que era um jogo cruel praticado pelo exército do czar russo (daí o nome) contra seus prisioneiros.

É inevitável, ao abordarmos a questão climática, que lancemos mão de uma abordagem probabilística do problema. Mas neste caso, queremos juntar a ela outro conceito, desenvolvido por um militante político revolucionário que, com bem mais certeza do que a "roleta", era russo (aliás, que combateu o czarismo na Rússia): Lev Davidovitch Bronstein, ou simplesmente Leon Trotsky.

"Trata-se de preservar o proletariado da decadência, da desmoralização e da ruína. Trata-se da vida e da morte da única classe criadora e progressista, e, por isso mesmo, do futuro da humanidade." Com esta frase, Trotsky defendia que era necessário travar imediatamente a luta por trabalho, contra o desemprego, contra a fome e que isso adquiria um caráter "transitório", isto é, de que necessariamente deveria se estabelecer uma "ponte entre suas (i.e., do proletariado) reivindicações atuais e o programa da revolução socialista", entre "programa mínimo e programa máximo", etc.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Niños, Niñas, Meninos e Meninas. Que legado deixaremos?

De Janeiro a Setembro, 2013 vai se posicionando como o 6º ano mais quente de todo o registro histórico, desde 1880. A temperatura global anda muito próximo da média da última década, disparadamente a mais quente de todo esse período de mais de um século.

Mas o mais importante às vezes não é destacado. Existe uma variabilidade natural no sistema climático e anos de La Niña (Pacífico Equatorial mais frio) costumavam ser mais frios que a média e anos de El Niño (Pacífico Equatorial mais quente) mais quentes que a média.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Discurso emocionante do líder da delegação filipina na COP19

Este discurso é de leitura obrigatória. É para mexer com qualquer ser humano, em que haja um coração que pulsa e sangue em veias e artérias, ao invés de engrenagens que se movem e óleo em dutos. 

Como foi amplamente noticiado, as Filipinas foram varridas por uma tempestade monstruosa, possivelmente o ciclone tropical mais poderoso a atingir uma área habitada, pelo menos nos tempos modernos, o Supertufão Haiyan (também chamado de Yolanda). Enquanto escrevo, ainda se está longe de uma contabilidade oficial de mortos, mas há estimativas de que podem chegar a 10 mil pessoas, com a tempestade tendo atingido em cheio uma cidade (Tacloban, capital de província, com 200 mil habitantes). Além desta enorme quantidade de mortos, há feridos e desabrigados aos montes, sem contar os 800 mil evacuados.

O discurso, que está tendo repercussão na mídia internacional (em The Guardian, por exemplo) me emocionou profundamente, me levando literalmente às lágrimas diversas vezes. Para que tenhamos esperança, talvez seja preciso que se abata sobre todos nós um certo desespero, não sei. Deveríamos ter aprendido com Bopha, que no ano passado também atingiu o povo filipino. Quiçá se todos fôssemos filipinos por um dia... 

Segue, em tradução livre, o discurso, que encontrei, em inglês, neste link.

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais ...

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