2017 provavelmente deve encerrar como o 3° mais quente do registro histórico, atrás de 2016 e 2015, anos influenciados pelo segundo mais intenso evento de El Niño já registrado e segundo a NOAA, de Janeiro a Novembro, a anomalia média de temperatura combinada sobre continentes e oceanos era de +0,96°C. Mas não nos enganemos que isso represente uma "pausa" ou uma redução do fenômeno do aquecimento global. Pelo contrário, mostra que mesmo sem a ajuda da variabilidade natural (sem El Niño), a contribuição humana segue sendo determinante para esquentar perigosamente nosso planeta. E nesse sentido, não podemos esquecer dos eventos extremos, que ceifam vidas humanas e não-humanas e colocam em sério risco os ecossistemas. Nesta publicação, vamos mostrar dez imagens de extremos que marcaram 2017. A última vai deixar você perplexo(a).
A frase que dá nome a este blog foi proferida por Jim Hansen, pesquisador senior da NASA, preso num protesto em frente à Casa Branca. Refere-se à necessidade de que os cientistas do clima comuniquem à sociedade seus conhecimentos pois estes se relacionam a questões cruciais para o futuro do gênero humano e da vida no planeta. O megafone da foto simboliza essa atitude de falar sobre o risco climático em voz alta, de forma enfática e com o maior alcance possível.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Negacionismo: O Falso Galileo - Parte II: "Democracia" e Chantagem
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Galileo Galilei (1564-1642) sofreu a fúria da Inquisição por sustentar um ponto de vista baseado em evidências contra os que queriam negá-las. Quem é Galileo na guerra do clima, afinal? |
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Negacionismo: O Falso Galileu - Parte I: Posando de Vítima
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Nem tudo o que parece é. Bicho-pau não é graveto. Negacionismo não é uma "visão científica alternativa". |
Sim, o discurso é bem montado: é como se fossem vítimas de perseguição de "inquisitores" que querem "impor um consenso" e calar os "hereges", mas a analogia só encontra algum eco porque as pessoas desconhecem quase que por completo a história da Ciência do Clima, o que será a principal questão abordada nesta Parte I (a parte II será dedicada às acusações bizarras de censura, boicote, etc. que os negacionistas tentam imputar à comunidade científica).
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Heil, CO₂! Nazinegacionismo e eleições alemãs
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Racismo, xenofobia e agora negacionismo climático: a ultradireita alemã volta ao parlamento após sete décadas, com um repertório completo de sandices. |
O SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), que também compõe o atual governo, foi outro bastante atingido, perdendo mais de 5% da preferência dos eleitores alemães e ficando com 39 assentos a menos no parlamento. Martin Schulz, líder do SPD, avalia que isso foi um recado contra a “grande coligação” com a CDU/CSU, que veio sustentando Merkel, e já anunciou o fim do acordo com o Governo, o que deve levar Merkel a buscar um arranjo com os liberais eurocéticos do FDP (que obtiveram 10,7% dos votos, o mais do dobro de sua votação anterior) e com os Verdes, que receberam 8,9% dos votos.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
A resposta, meu amigo, está soprando ao vento...
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Irma, chegando a Cuba. Imagen da NASA. |
Sim, e quantos ouvidos um homem deve ter para poder conseguir ouvir as pessoas chorarem?
Sim, e quantas mortes serão necessárias até ele saber que pessoas demais morreram?
A resposta, meu amigo, está soprando ao vento!
A resposta está soprando ao vento..." (Bob Dylan)
sábado, 9 de setembro de 2017
Sobre Irma e Harvey, texto de Michael Mann et al., traduzido por Adriano Facioli
Os furacões Irma e Harvey devem acabar com qualquer dúvida de que a mudança climática é real. Não podemos continuar fingindo.
Michael E. Mann, Susan J. Hassol e Thomas C. Peterson
The Washington Post, 07/09/2017
Quando começamos passar a limpo o furacão Harvey, o furacão mais úmido já registrado, despejando até 50 polegadas de chuva em Houston em três dias e aguardando a chegada de Irma, o furacão mais poderoso já registrado no Oceano Atlântico, as pessoas estão perguntando : Qual é o papel das mudanças climáticas induzidas pelo homem nesses eventos, e de que outra forma nossas próprias ações aumentaram nossos riscos?
Os princípios físicos fundamentais e as tendências meteorológicas observadas demonstram que já conhecemos algumas das respostas - e já há bastante tempo.
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
Gaia, a Incensurável
Nesta semana, uma cientista da Northeastern University recebeu uma mensagem do Departamento de
Energia dos EUA em que lhe foi solicitado que fossem retiradas do resumo do
projeto por ela submetido (e aprovado para financiamento) as palavrinhas
mágicas “climate change” (mudança
climática). Na verdade, o e-mail do(a) funcionário(a) é bastante explícito,
pois fala abertamente da necessidade de literalmente “remover” termos como “climate change” e “global warming” (aquecimento global), a fim de se adequar a
“restrições orçamentárias da Presidência”. A pesquisadora publicou um print desse e-mail em sua página pessoal
no Facebook, mas retirou posteriormente. Nele, aparecia o resumo original, que
mostra que a pesquisa está voltada para o comportamento dos “sapais”
(ecossistema costeiro alagado pela água salgada) em condições de excesso de
nitrogênio, o que poderia comprometer a sua capacidade de sequestro de carbono
e até, no processo de decomposição, fazer com que eles liberem CO₂ e
intensifiquem o efeito estufa.
quarta-feira, 23 de agosto de 2017
Negacionismo, esse Pinóquio Zombie
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Negacionismo, esse Pinóquio zombie... |
Claro, mesmo sabendo da "Assimetria de Brandolini" ("a quantidade de energia necessária para refutar bobagens é uma ordem de magnitude maior do que para produzi-la"), não há saída mágica. Só informação pode dar conta de enfrentar o negacionismo, esse Pinóquio zombie que tanto mente compulsivamente como se recusa a assumir que está morto e apodrecido. Neste "post" selecionamos alguns dos mitos negacionistas que insistem em se levantar da tumba e cuja refutação apresentamos em nossa fanpage no Facebook.
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
Serra Leoa: precisamos falar de pobreza, desigualdade e mudanças climáticas
Quase 500 mortes confirmadas e
mais de 600 pessoas ainda desaparecidas. É o saldo terrível dos deslizamentos
ocorridos em Serra Leoa nos últimos dias. A pouca atenção da mídia internacional
à catástrofe em si faz com que o silêncio paire ainda mais absoluto sobre dois
aspectos intrinsecamente ligados a ela: a
pobreza e as mudanças climáticas.
Serra Leoa é o país de menor
expectativa de vida do mundo: 50,1. É também o 178o menor PIB
per capita segundo a ONU e o 9o menor Índice
de Desenvolvimento Humano. Seus habitantes emitem uma quantidade
insignificante de gases de efeito estufa: apenas 0,2 toneladas por habitante
por ano, uma pegada 12,5 vezes menor do que um “brasileiro médio” e mais de 80
vezes menor do que a média de quem mora nos EUA.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
De onde saiu tanto negacionismo?
Nas últimas duas semanas pensei várias vezes na frase
“quanto mais rezo, mais assombração me aparece”. Daí lembrei que, como bom
ateu, nem rezo nem deveria acreditar em assombração.
Mas com efeito, certas assombrações do mundo real existem e
são, além de teimosas, nocivas. Há diversas pragas anticientíficas, incluindo o
criacionismo, a negação de que o homem tenha ido à Lua, o movimento antivacina
e até o terraplanismo, mas o negacionismo climático é certamente a mais prejudicial.
Envolve vínculos econômicos poderosíssimos (como mostramos em artigo na Revista Vírus) e
chegou à presidência da nação mais poderosa do planeta através de Trump, o Nero Laranja. Diferente
de outras fraudes anticiência, o negacionismo climático incide sobre políticas
públicas e o faz justamente quando sabemos que as consequências da inação serão
profundas e duradouras quanto mais seguirmos com os “negócios como sempre”.
sexta-feira, 2 de junho de 2017
Trump bombardeia o Clima
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Trump como meteoro. Fonte: Der Spiegel |
Embora extremamente insuficiente
e limitado nos mecanismos de proteção do sistema climático, o acordo
celebrado em 2015, na COP21 em Paris, reconhecia claramente a necessidade de
limitar o aquecimento global e contou com a pronta adesão de quase todos os
países-membros da ONU. Síria e Nicarágua eram, até esta quinta-feira 1o
de Junho de 2017 os únicos países fora do tratado. A Síria, presa em um quadro de caos, guerra, devastação e migração. A Nicarágua, vejam só, por considerar o Acordo fraco demais, impróprio no sentido de não atribuir responsabilidades proporcionais entre países ricos e pobres, e tendo ela promovido medidas de mitigação bem antes da COP21. A novidade: bombardeada
pelos EUA logo no inicio da desastrosa gestão de Donald Trump, a Síria agora
recebe a companhia do algoz.
Não é surpresa. Desde bem antes da campanha eleitoral, Trump
insiste no negacionismo climático. Pelo twitter,
ele já havia decretado que o aquecimento global seria “uma farsa inventada
pelos chineses” para prejudicar a competitividade da indústria dos EUA. O
anúncio da eleição do bilionário fanfarrão foi suficiente para fazer as ações
das companhias de carvão e petróleo decolarem
nas bolsas, assim como viriam a decolar mais tarde as ações das corporações
do setor bélico em abril, após Trump mandar despejar 59 mísseis Tomahawk
contra uma base aérea do país com que agora divide a infâmia de estar de fora
do Acordo de Paris.
terça-feira, 18 de abril de 2017
Chega de desmaios por Justin Trudeau. O cara é um desastre para o planeta. (Artigo de Bill McKibben no Guardian)
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Falar de mudanças climáticas e declarar amor aos combustíveis fósseis? Que feio, Sr. Trudeau! |
segunda-feira, 17 de abril de 2017
Greenwashing: o Ogro Filantropo
Segundo a Wikipédia: "Greenwashing (do Inglês green, verde, a cor do movimento ambientalista, e washing, lavagem, no sentido de modificação que visa ocultar ou dissimular algo), em português, lavagem verde; é um anglicismo que indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. Tal prática tem como objetivo criar uma imagem positiva, diante a opinião pública, acerca do grau de responsabilidade ambiental dessas organizações ou pessoas (bem como de suas atividades e seus produtos), ocultando ou desviando a atenção de impactos ambientais negativos por elas gerados".
terça-feira, 14 de março de 2017
"A fábrica de ilusões que leva ao colapso civilizacional" - Entrevista ao IHU
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Capa do número 500 da Revista do Instituto Humanitas Usininos - IHU |
quinta-feira, 2 de março de 2017
O colapso (in)evitável e o Antropoceno
O sistema produtivo capitalista experimentou nas últimas décadas enormes transformações, que colocaram o planeta sob intensa pressão no que diz respeito às fontes de matérias-primas e de energia. A China virou um enorme galpão de fábrica, a ser alimentado por carvão e gás para suas termelétricas, minério de ferro, cobre e metais raros para eletro-eletrônicos, plástico e químicos diversos. Por todo o globo, a frota automobilística e também a frota aérea não pararam de crescer, demandando materiais metálicos e não-metálicos para sua fabricação e, sobretudo, derivados de petróleo para movimentá-las. Interconectado globalmente, o sistema capitalista proporcionou um fluxo extremamente intensivo não apenas de capital especulativo, mas desses materiais e dos produtos a partir deles fabricados. As redes longas desse sistema econômico ligaram, via extração, produção e consumo, praticamente todos os indivíduos em praticamente todos os cantos do planeta. Por terra, pelo ar e pelos mares, milhões de toneladas de material de bauxita a celulares viajam todo ano, numa espiral crescente.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Aquecimento Global: 79 Anos de Evidências
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Guy Callendar (1897-1964). Foto: Wikipedia. |
"Pela combustão, o homem adicionou cerca de 150.000 milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ar durante o último meio século. O autor estima, a partir dos melhores dados disponíveis, que cerca de três quartos disto permaneceu na atmosfera. Os coeficientes de absorção de radiação de dióxido de carbono e vapor d'água são usados para mostrar o efeito do dióxido de carbono na "radiação celeste". A partir disso, o aumento da temperatura média, devido à produção artificial de dióxido de carbono, é estimado em 0,003ºC por ano, na atualidade. As observações de temperatura em estações meteorológicas do mundo são usadas para mostrar que as temperaturas mundiais na verdade aumentaram a uma taxa média de 0,005°C por ano durante o último meio século."
É este o resumo de um artigo intitulado "A Produção Artificial de Dióxido de Carbono e sua Influência na Temperatura", publicado por Guy Stewart Callendar, em 16 de fevereiro de 1938, há 79 anos, portanto.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Especial para nosso blog: Entrevista com Daniel Tanuro sobre Crise Ecológica e Ecossocialismo
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Daniel Tanuro é militante ecossocialista, autor do livro "O Impossível Capitalismo Verde", integrante da seção belga da Quarta Internacional. |
Ele não hesita em dizer que a tarefa dos ecossocialistas é "intervir em nome da natureza no debate social" e é direto quando diz que "abolir o capitalismo é uma condição necessária para (...) uma relação não-predatória da humanidade com o resto da natureza, mas não suficiente." É com grande prazer que trago para vocês a íntegra da entrevista, a seguir.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Segue o Seco
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Carcaças de cágados no piso do açude do Cedro (Quixadá), inteiramente seco. Foto: Hugo Fernandes Ferreira |
Sem sacar que o espinho é seco
Sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino seca"
(Carlinhos Brown)
(*) Este artigo foi originalmente publicado no site do Observatório do Clima
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Ciência, Clima, Rogue One
Na Women's March, cientistAs presentes! |
O processo já vem de algum tempo. Figuras como James Hansen, Michael Mann, Katharine Hayhoe, Kevin Anderson, dentre outros climatologistas, passaram a dedicar parte importante de suas energias para o diálogo público, a defesa da ciência, a reverberação do alerta acerca da ameaça das mudanças climáticas, o combate ao negacionismo, etc. Mais recentemente, o twitter se viu tomado de contas "rogue" (ótimo exemplo é a Rogue Nasa), numa reação em cadeia à censura e caça às bruxas anticiência e antiambientalismo já nos primeiros dias da gestão Trump, nos EUA.
Felizmente, a Ciência do Clima agora está recebendo uma solidariedade maior dos pares de outros ramos do conhecimento. Até porque a brutalidade obscurantista em voga tem surgido também noutros terrenos, da vacinação à Evolução das Espécies. Há até mesmo uma Marcha pela Ciência marcada para o Dia 22 de Abril (Dia da Terra), fortemente inspirada na participação de colegas cientistas na Marcha das Mulheres em 21/01.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
Ratoeira
A humanidade se deixou aprisionar material, cultural e ideologicamente numa gigantesca armadilha: a de ignorar que se vive em um planeta limitado e com um clima cuja estabilidade foi (e continua sendo) fundamental para a sobrevivência de nossa espécie, bem como de inúmeras outras.
A cada dia que passa, vai ficando mais evidente que as mudanças climáticas não são algo remoto, para futuras gerações que ainda não conhecemos, tampouco algo abstrato. Afeta e afetará ainda mais cada um(a) dos(as) já viventes. E naquilo que mais nos é essencial.
A cada dia que passa, vai ficando mais evidente que as mudanças climáticas não são algo remoto, para futuras gerações que ainda não conhecemos, tampouco algo abstrato. Afeta e afetará ainda mais cada um(a) dos(as) já viventes. E naquilo que mais nos é essencial.
Estimativas de Temperatura por Satélite: Como distorcer uma informação além do limite
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Pseudociência recebendo resposta. Eu e vários colegas cientistas questionamos o Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia do Congresso dos EUA pelo twitter. |
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