Poster do Dia Meteorológico Mundial de 2015, promovido pela WMO |
Nesse contexto, fica ainda mais injustificado que um negacionista como Molion utilize o fato de um dia ter ocupado uma posição junto à WMO há quase uma década (como membro de um de seus grupos gestores) para conferir alguma autoridade para seu proselitismo anticiência. Da mesma forma, mostra-se que as posições do atual presidente da SBMet estão abertamente deslocadas, como discutimos em artigo anterior em nosso blog.
A declaração completa e outros materiais podem ser obtidos a partir do site da WMO, e a tradução da declaração para o Português é apresentada a seguir:
Mensagem de M. Jarraud, Secretário-Geral da Organização Meteorológica Mundial
Por Ocasião do "Dia Meteorológico Mundial 2015 – Conhecimento sobre o Clima para Ação pelo Clima”
A Organização Meteorológica Mundial, como sucessora da Organização Meteorológica Internacional, criada em 1873, tem a missão fundamental de apoiar os países do mundo em proporcionar serviços meteorológicos e hidrológicos para proteger a vida e a propriedade de desastres naturais relacionadas ao tempo, ao clima e à água, para salvaguardar o ambiente e para contribuir para o desenvolvimento sustentável. Isso não pode acontecer sem as observações, pesquisas e atividades operacionais necessárias que desenvolvem o entendimento e conhecimento do tempo e do clima.
Desde 1961, o Dia Meteorológico Mundial tem comemorado a adoção da Convenção de 23 de março de 1950 que estabeleceu a Organização Meteorológica Mundial e a contribuição essencial dos serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais para a segurança e bem-estar da sociedade. A cada ano, as celebrações focam em um tema de interesse atual. O tema deste ano, "Conhecimento sobre o Clima para Ação pelo Clima", não poderia ser mais oportuno, quando a comunidade internacional se movimenta em torno de decisões e ações ambiciosas para abordar a mudança climática.
A mudança do clima preocupa a todos nós. Ela afeta praticamente todos os setores econômicos, da agricultura ao turismo, da infraestrutura à saúde. Ela traz impactos recursos estratégicos como água, comida, energia. Ela detém e ameaça o desenvolvimento sustentável, não apenas em países em desenvolvimento, é claro. O custo da inação é alto e se tornará ainda mais alto se não agirmos imediata e resolutamente.
A informação sobre o tempo e o clima e sobre sua variabilidade e mudança está tão inserida no nosso dia-a-dia - das previsões de tempo diárias às previsões climáticas sazonais - que às vezes é fácil esquecer a quantidade de observações, pesquisa, computação e análise que está por trás dos produtos de tempo e clima. Hoje, em média, a previsão de tempo para cinco dias é tão precisa quanto a previsão para dois dias feita há vinte e cinco anos e as previsões de clima sazonal se tornaram cada vez mais hábeis. Isto tem se tornado possível graças aos avanços em sensoreamento remoto, incluindo satélites, grandes melhorias na ciência e ampliação dramática no poder computacional. O progresso científico na Meteorologia e na Climatologia nos últimos cinquenta anos é, na verdade, um dos mais significativos dentre aqueles de todas as disciplinas científicas.
O conhecimento climático que vem sendo construído nas últimas décadas é um recurso valioso e um pré-requisito da tomada de decisão e ação relativa ao clima. Linhas múltiplas de evidência - de temperaturas crescentes ao encolhimento das geleiras, do aumento do nível do mar a eventos de tempo extremos - nos dão alta confiança de que o clima está mudando e que isto se deve amplamente às atividades humanas, em particular as emissões de gases de efeito estufa que a cada ano atingem níveis recorde.
A ciência também nos dá confiança de que nós ainda podemos mudar o curso e mitigar a mudança climática a um nível administrável. Hoje, poucas pessoas contestam as evidências da mudança no clima e as responsabilidades que temos em relação às gerações futuras. O conhecimento climático pode e deve apoiar este processo, ajudando tomadores de decisão em todos os níveis a adotarem as melhores soluções.
O conhecimento sobre o clima deve vir em uma forma que seja facilmente entendido e utilizável por aqueles que precisam. Os produtos e serviços climáticos podem assistir planejadores urbanos a desenvolver políticas e planos de ação que fortaleçam a resiliência urbana em face de desastres naturais e alimentar uma economia mais verde. Autoridades de política de saúde usam previsões de clima para atacar de maneira proativa as possíveis consequências de extremos como secas, ondas de calor e enchentes. Graças às previsões sobre as tendências de temperatura e chuva, agricultores podem tomar melhores decisões acerca do plantio, colheita e comercialização. Gerenciadores de recursos hídricos usam informação climática para otimizar o suprimento de água e a gestão de cheias.
O Quadro Global de Serviços de Clima, uma iniciativa do sistema das Nações Unidas liderado pela WMO, foi concebido precisamente com esse propósito: permitir a prestação de serviços de clima de maneira que as decisões possam ser tomadas com base na melhor informação possível. Este é um desafio fundamental tanto para os países desenvolvidos quanto para os em desenvolvimento e há um grande benefício potencial do aprendizado mútuo. Experiências e avanços no desenvolvimento e aplicação de serviços de clima podem ser compartilhados como exemplos de boas práticas, ajudando outros países a acelerar o seu caminho no sentido de adaptação climática.
Concluindo, eu conclamo os membros da WMO, todos os governos e a sociedade civil a compartilhar e a aplica o conhecimento climático, para uma forte ação pelo clima, para minimizar o risco climático e fomentar o desenvolvimento sustentável.
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