quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Negacionismo desmascarado!

Willie Soon teve seus vínculos com a indústria de combustíveis
fósseis mais uma vez revelado. Além disso, é preciso dizer que
os trabalhos supostamente científicos nos quais Soon tem se
envolvido não passariam num filtro minimamente rigoroso de
revisão por pares. Eu mesmo, só em ler o resumo da publicação
mais recente em que ele aparece como co-autor, junto a um ne-
gacionista tosco como Christopher Monckton, detectei nada
menos do que 4 erros graves!
Para mim, evidentemente não houve nenhuma grande surpresa. No entanto, Wei-Hock Soon ou "Willie Soon") vinha sendo o "queridinho" da claque negacionista nos EUA, usando de seu poder de retórica e de sua boa posição na comunidade científica (Soon é vinculado ao Centro Smithsonian de pesquisa em Astrofísica, um instituto conceituado, criado numa colaboração entre Smithsonian Institution e Harvard University), especialmente após servir como lastro pretensamente científico a um artigo publicado no Chinese Science Bulletin, órgão de divulgação da Academia Chinesa de Ciências, encabeçado por ninguém menos do que um dos negacionistas mais descredenciados, o famigerado "Lord" Monckton, um bufão que, graças ao apoio de Soon agora pode exibir um artigo "científico" no currículo...


O ARTIGO DE MONCKTON E SOON TEM FUNDAMENTO CIENTÍFICO? ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS ENGENHEIROS DE CIRCUITOS ELETRÔNICOS?

Christopher Monckton é um jornalista. Mas que se atreve
a posar de "especialista" em temas tão diversos quanto
AIDS e mudanças climáticas. Sobre AIDS, sua posição
é (ou ao menos era) a de exames de sangue obrigatórios
em toda a população e quarentena vitalícia para todos os
portadores de HIV. Sobre clima, claro, suas posições não
são nada melhores...
Adianto meu veredito. O artigo, assinado por Monckton, Soon, Legates e Briggs, é, para mim uma evidência de quão falho o sistema de revisão por pares pode ser, afinal dificilmente uma revisão séria, feita por especialistas da área, levaria à publicação do mesmo. Somente no resumo é possível identificar no mínimo quatro afirmações que ou são inteiramente falsas ou são no mínimo duvidosas, posto que as evidências levantadas pelo conjunto da comunidade científica em centenas de artigos vão justamente no sentido contrário  Mais especificamente o artigo falha: 1) ao considerar o sinal dos feedbacks climáticos como sendo negativos; 2) em admitir uma suposta inexistência de um comprometimento com um aquecimento futuro, como se todo efeito do CO2 na atmosfera fosse imediato, sem tempo de resposta; 3) ao afirmar que a queima de todos os combustíveis fósseis acessíveis levaria a um aquecimento de no máximo 2,2 graus e 4) em concluir que o impacto humano no clima seria de 1/3 a 1/2 daquilo que o consenso científico expresso nos relatórios do IPCC coloca como estimativa (uma sensibilidade climática em torno de 3°C). Nas palavras de Gavin Schmidt (herdeiro de James Hansen à frente do NASA Goddard Institute for Space Studies), com as quais concordo, o artigo é um "completo lixo".

Os supostos resultados foram obtidos usando um modelo ultra-simplificado, com uma escolha arbitrária de parâmetros. Não vou me deter na análise da equação em que tais parâmetros entram, pois Matt Ridley já o fez em seu excelente blog "…and Then There's Physics". Mas além da extrema simplificação da dinâmica do clima, reduzida a um punhado de equações algébricas, a solução que eles adotam para a solução da principal delas é risível. Nela, a mudança de temperatura depende, dentre outros parâmetros, de um fator que define o papel dos feedbacks. É aí que entra a manipulação. Por uma analogia injustificável entre a forma dessa equação e outra, que representa o comportamento de circuitos eletrônicos, os autores assumem, como fazem os engenheiros eletrônicos para evitar que o circuito oscile que o valor do "ganho de feedback" é pequeno. Ora, aí fica evidente que os autores ajustaram o modelo para produzir o resultado desejado, como se o clima planetário tivesse sido projetado por um engenheiro, formação que, numa concessão que abro em meu ateísmo, duvido que qualquer divindade escolhesse... (no offense, colegas). Ao impedirem oscilações e a amplificação de efeitos por meio da escolha arbitrária desse parâmetro, Monckton, Soon e seus dois colaboradores fizeram exatamente o que o negacionismo atribui, de maneira falsa, caluniosa e injuriosa, à comunidade de clima, isto é, partem do resultado para construir um modelo que produz o que seus "deuses-engenheiros" queriam.

EXTRAPOLAR TENDÊNCIAS DE PERÍODOS CURTOS É UM ERRO BÁSICO EM CLIMATOLOGIA 

Dá para levar a sério um artigo com uma figura como essa?
E o que queriam? Um modelo que, a longo prazo, produzisse como resultado a extrapolação do aquecimento verificado nos últimos anos (relativamente pequeno comparado com as projeções até o final do século), como na figura ao lado.

Ora, sabe-se, em primeiro lugar, que um período de uma década ou um pouco mais é demasiado curto para inferir tendências climáticas de mais longo prazo. Tipicamente a Organização Meteorológica Mundial trabalha com períodos de três décadas.

Há fortes indícios de que durante o período mais recente a redução no ritmo de elevação nas temperaturas da superfície apenas escondeu um armazenamento de calor no oceano profundo e em outras componentes do sistema climático. Como já discutimos em nosso blog, os anos recentes foram marcados por uma ocorrência mais frequentes de eventos de La Niña, tipicamente mais frios, mas bastou que condições similares as de um El Niño (sequer chegando a configurar um El Niño propriamente dito) se estabelecessem para que 2014 emergisse como ano mais quente de todo o registro histórico desde 1880. Deveria ser óbvio que os anos mais quentes, capazes de estabelecer novos recordes de temperatura global, são aqueles em que a variabilidade natural se soma à marcha contínua do aquecimento global antrópico e que portanto, um período sem El Niños somente mascararia o fato de que tal aquecimento segue, na verdade, se acelerando!

Daí, chega a ser uma anedota de mau gosto achar que mesmo que as emissões parassem de crescer como atualmente, teríamos o aquecimento global limitado à taxa dos últimos anos. Escrevam. Ele deve se acelerar ao longo da década vindoura.

OS RESULTADOS DOS MODELOS DO CMIP FORAM APRESENTADOS DE FORMA FALSEADA

O outro problema da figura da piada de mau gosto (ou "artigo") de Monckton e Soon, além da ridícula extrapolação linear, é apresentar os dados dos modelos do CMIP (Coupled Model Intercomparison Project, que subsidia os relatórios do IPCC) da forma colocada. Primeiro, várias das retas mostram simplesmente a tendência de aumento de temperatura projetada ao longo de todo o século. Mas a maior parte das simulações particularmente aquelas de cenários de maiores emissões mostram que o aquecimento se acelera ao longo do século, isto é, as projeções não se tratam retas, mas de curvas cuja inclinação é menor no início do período e maior ao final do século!

No que diz respeito às simulações de curto prazo, ou seja, até meados do século XXI, a figura ao lado, do 5º relatório do IPCC mostram claramente que as observações estão dentro do envelope de simulações diferente do que é mostrado pelos "autores". E aqui cabe um esclarecimento: os modelos, como se pode ver através do "espaguete" das várias simulações, possuem - assim como a natureza, embora não necessariamente com as mesmas características de amplitude e frequência - modos de variabilidade nas escalas interanual e interdecadal. Ou seja, a depender da simulação desses modos no início do século XXI, algumas saídas de alguns modelos podem exibir El Niños ou estarem na fase quente de algo semelhante à Oscilação Decadal do Pacífico para depois irem à fase fria, enquanto outras seguiriam o contrário. Ou ainda, alguns "membros" (como chamamos essas simulações individuais) podem aquecer mais rápido de início e mais lentamente num momento seguinte para depois voltar a acelerar o aquecimento e outros "membros" podem iniciar com uma aparente "pausa" no aquecimento global para logo em seguida mostrarem um aumento rápido de temperatura. Após algum tempo, os dois podem até mesmo chegar na mesma tendência de temperatura.

Extrapolar a tendência de períodos curtos pode levar a conclu-
sões absurdas. Por exemplo, se extrapolarmos duas curvas, am-
bas formadas a partir da sobreposição de uma tendência linear
a uma função tipo seno, apenas com diferenças de fase, usando
somente o início do período, seríamos levados a concluir que
o comportamento nos dois casos seria totalmente diferente, o
que não é definitivamente o caso...
Isso é o que ilustramos na figura ao lado, que obtivemos simplesmente somando uma função linear a funções tipo seno, mas com fases opostas. Essas duas situações são representadas pelas curvas azul e vermelha. Ora, nesse caso é claro que se olharmos somente para o início do período (2010 a 2020), elas parecem ter comportamentos bastante distintos: a vermelha com um aquecimento modesto; a azul com um rápido aquecimento. No entanto, a aparente divergência de comportamento de ambas (evidenciada pelas extrapolações representadas pelas duas retas) é um artifício do período curto escolhido para analisar os dados. De fato, após um período suficientemente longo (40 anos), a tendência linear das duas termina sendo a mesma, dada precisamente pela linha preta, central.


O ESTUDO DE UM SISTEMA COMPLEXO DEMANDA MODELOS COMPLEXOS

Acrescente-se que, ao contrário do "modelo de engenheiro" que Monckton, Soon e companhia propõem, os modelos adotados pela comunidade científica são de alta complexidade. Não é que rejeitemos o uso de modelos simples. Estes podem ser úteis para representação e entendimento de determinados processos físicos, para a formulação de hipóteses iniciais em estudos de clima etc. Mas nenhum de nós é arrogante ao ponto de achar que seria capaz de apresentar um modelo simples capaz de dar conta da complexidade da dinâmica climática, que inclui acoplamentos em diversas escalas de espaço e tempo entre atmosfera, oceanos, biosfera, criosfera, litosfera, hidrologia (pelo menos superficial), ciclos biogeoquímicos incluindo o do carbono etc. Tampouco que um modelo simples possa ser usado para investigar devidamente o papel das forçantes naturais (variabilidade solar, efeitos orbitais, vulcanismo etc.) e antrópicos (emissões de gases de efeito estufa de vida longa, de aerossóis e seus precursores, modificação do uso e ocupação do solo etc.). Trabalhamos, por isso mesmo, não por escolha, mas por necessidade, com os complicados modelos do sistema Terra, como descritos pelo próprio IPCC em seu AR5 (mais especificamente na seção 1.5.2 do capítulo de Introdução).

A figura, do AR5, mostra como os modelos climáticos
evoluíram ao longo do tempo, acompanhando a publicação
dos sucessivos relatórios do IPCC
Nos modelos do Sistema Terra, o resultado não vem pronto! A dinâmica de grande escala dos elementos acoplados desse sistema, particularmente da atmosfera - seu componente mais ativo - é resolvida a partir de primeiros princípios, de equações (em sua maioria equações diferenciais parciais não-lineares e acopladas, se me permitem...), resolvidas com as melhores aproximações possíveis em supercomputadores com capacidade gigantesca de processamento e armazenamento de dados. Várias dessas aproximações são inevitáveis pelo simples fato de que as equações não admitem soluções analíticas, isto é, aquelas obtidas com lápis e papel. Algumas ainda têm de ser utilizadas (é o caso de aproximações chamadas de "parametrizações" de processos como nuvens e turbulência) por que os modelos ainda não têm resolução fina o suficiente. Ainda assim, nenhuma dessas aproximações é feita de forma arbitrária, e sim, baseando-se em observações e em resultados off-line de modelos de menor escala. O fato é que, utilizando os modelos climáticos sofisticados que utilizamos, os padrões do tempo e do clima, que casam com as observações, emergem da solução das equações (como bem expõe Gavin Schmidt nesta palestra). Repetimos: o resultado, ao contrário do modelinho "simples" de Monckton, Soon, Legates e Briggs, não vem pronto!

Resumindo, caros/as leitores/as, não, não é a nossa gula por trabalhar com máquinas enormes e consumir grandes somas de dinheiro em pesquisa que nos move! É a necessidade que nos motiva, de "imitar" a complexidade do Sistema Terra nos modelos de computador! Ora, alguém tem dúvidas de que se nossos modelos não fossem tão complexos e abrangentes os negacionistas não viriam com "seu modelo tem as variações do Sol?", "seu modelo tem vulcões?", "seu modelo tem nuvens?", "seu modelo tem isso ou aquilo?" e perguntas do tipo? Ora, a resposta que temos hoje é sim, tem e só não tem o bater de asas de cada borboleta por falta de poder computacional! Mas devolvendo a pergunta, o que os negacionistas têm? Nada, niente, ou melhor, agora tem... um bonequinho de palito, que é o modelo do "artigo" de Monckton et al. Não dá, não é?


É PRECISO INVESTIGAR OS VÍNCULOS DOS NEGACIONISTAS COM O CAPITAL. O ALGOZ NÃO PODE SE DISFARÇAR DE VÍTIMA!

Uma vez que ficou demonstrado que não há qualquer fundamento científico no que vem sendo produzido por Willie Soon (tendo ou não Monckton como testa-de-ferro), há que se abordar o outro tema proposto para este artigo: o vergonhoso vínculo de cientistas que se dizem "céticos" e mesmo "independentes" com setores econômicos diretamente interessados na manutenção das emissões brutais de gases de efeito estufa (como petroquímicas, mineração e agronegócio) e setores político-ideológicos que defendem o grande capital.

Cinismo sem limite: propaganda do Instituto Americano de
Petróleo defende o oleoduto de Keystone XL (vetado pelo
presidente Obama por representar um risco ambiental gigan-
tesco e por viabilizar plenamente a expansão da exploração
de óleo a partir das areias betuminosas de Alberta) dizendo
tratar-se de um "duto de vida". Duto de morte seria descrição
mais precisa!
Em 2003, Soon já havia, tendo publicado um artigo (com Sallie Baliunas) que concluía que "o século XX não é provavelmente o mais quente nem um extremo climático único no período do último milênio". Mas naquele momento parecia ser apenas um "cético", usando métodos duvidosos de análise de dados. O artigo foi contestado, na mesma revista, por vários cientistas, restringindo-se ao mérito do mesmo, que se mostrou questionável, para dizer o mínimo (dentre as falhas do artigo, pode-se citar que os registros paleoclimáticos usados seriam melhores indicadores de umidade e não de temperatura, fizeram generalizações indevidas de tendências regionais para tendências hemisféricas e utilizaram dados incapazes de contemplar a variabilidade decadal). Mas, como alguns alertaram na época, já seria interessante ao menos acender a luz amarela naquele momento, pois, como admitido pelos autores, a pesquisa teria sido financiada pelo Instituto Americano de Petróleo.

Espertamente, negacionistas gostam de assumir uma posição
de vítima, como se houvesse contra eles uma "Inquisição"
(alguns chegam ao extremo de quererem bancar o Galileu).
Na verdade, o que ocorre é o contrário. O coletivo de cientis-
tas do clima é que tem sido vítima de uma Inquisição fóssil;
a humanidade e toda a biota terrestre é que estão indo à fo-
gueira do aquecimento global pela inaceitável fome de lucro
de uma minoria humana predatória.
Em 2011, sob pressão do Greenpeace, ficou evidente que Willie Soon já havia recebido quase um milhão de dólares vindos não apenas do Instituto Americano de Petróleo, mas também da ExxonMobil (maior petroquímica estadunidense) e da Koch Foundation (braço da indústria do petróleo travestida de fundação). Mas aí, logo em seguida à publicação do pseudo-artigo aqui desmascarado, ficou evidente que o vínculo de Soon com o petróleo era ainda mais profundo e que ele havia deixado de registrar o financiamento por parte de companhias de combustíveis fósseis em nada menos do que 8 de 11 artigos por ele publicados recentemente. A omissão em expor o que é uma mais do que óbvia fonte de conflito de interesse (no caso um conflito entre o interesse público, já que a população precisa de informação segura sobre o tema climático, e o interesse privado dos grandes emissores que o patrocinam sistematicamente) configura um evidente problema ético. Mais do que isso, é uma evidência forte de que tudo o que tem sido produzido recentemente por Wei Hock Soon deva estar com um viés introduzido a partir dos interesses econômicos de quem o tem financiado. A complacência e condescendência para com profissionais com essa postura deve acabar e, em minha opinião, é uma conduta antiética, incompatível com o próprio exercício de profissão, da mesma forma que é inadmissível preservar um ginecologista que abuse de suas pacientes ou um engenheiro que aceite suborno para dar aval a uma obra - seja um edifício ou um viaduto etc. - com material em quantidade e/ou qualidade inadequadas e que represente risco à vida humana.

Luís Carlos Molion: por trás do sorriso simpático de velhinho
bonachão se esconde uma usina de mentiras e difamações,
esconde-se uma figura nefasta que anda de braços dados com
o agronegócio, a TFP, militares fascistas e até com o Consór-
cio Belo Monte, que recebe um espaço enorme na mídia, in-
clusive um tempo generoso na TV Bandeirantes quando se
tentava barrar o desmonte do Código Florestal. 
Isso coloca, portanto, a questão de se promover uma investigação detalhada dos vínculos dos negacionistas com o capital, expô-los publicamente e, a depender do caso, incidir sobre eles no contexto da ética profissional. Nos EUA, deputados ligados à Comissão de Ambiente e Recursos Naturais do Congresso, como o republicano Raul Grijalva, estão movendo ações para tornar públicos os financiamentos de sete cientistas "céticos". Claro que a depender da maneira como isso seja conduzido, uma propaganda de vitimização contra uma suposta "caça às bruxas" pode terminar favorecendo os negacionistas. Mas acredito que também deva se encontrar alguma maneira de desnudar essa relação de uma vez por todas, mostrando claramente quem é algoz (a indústria fóssil e outros setores emissores, de quem os negacionistas são agentes) e quem é vítima (a comunidade de cientistas do clima, a humanidade, particularmente os mais pobres, e, porque não dizer, boa parte da biota terrestre levada a arder na fogueira do aquecimento global). No caso brasileiro, Luís Carlos Molion, contra todos os estudos que contam com a participação de uma comunidade científica que injustificadamente ainda o trata de maneira condescendente, continua destilando sua verborragia anticientífica e negacionista junto a diversas entidades do agronegócio (Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé, Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas, dentre outras, apenas para ficar numa consulta rápida ao velho google), junto a empresas devastadoras como o Consórcio Belo Monte ou, mais estarrecedor ainda, junto a organizações políticas da extrema direita como a arqui-reacionária TFP e o fascista/militarista "Foro do Brasil". Não faz sentido, em tal contexto, assistir passivamente a difamação de toda uma comunidade e a construção de um festival de desinformação por parte desse senhor e meia dúzia de outros infames que ou se fantasiam de especialistas sem o serem, ou usam de suas posições acadêmicas de forma desprezível e antiética: é preciso agir! Não dá para admitir que o algoz continue a se disfarçar de vítima! O negacionismo precisa ser detido e desmascarado!

8 comentários:

  1. "It's a lifeline". Parece a retórica do Molion, dizendo que o CO2 é o "gás da vida". São todos uns caras de pau, incluindo o "coitado"do Soon, que disse que tem renda menor que funcionário do McDonald's, enquanto recebe centenas de milhares de dólares dos grupos de interesse.

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  2. O Molión também foi desmascarado ?

    Ele recebe dinheiro de empresas de petróleo ?

    Por que a Holanda, que poderia desaparecer do mapa com o aumento do nível dos oceanos, continua a tocar a SHELL a todo o vapor ?

    A SHELL é uma empresa estatal da Holanda.

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  3. Caro Aníbal

    Não sei se Molion recebe dinheiro de indústrias do petróleo, até porque no Brasil o principal setor responsável por desmatamento e outras emissões é o agronegócio. Neste caso, não cabe a mim investigar, mas é muito estranho que o mais célebre negacionista brasileiro sistematicamente apareça conferindo palestras junto a entidades desse setor (algo que pode facilmente ser conferido com uma busca no google). Mas para você o fato de ele virar palestrante de eventos da TFP e do "Foro do Brasil" (entidades fascistas) não implica em um viés político-ideológico, não?
    A Holanda, ao contrário de Bangladesh pode construir diques e manter as suas principais cidades. Mas não é isso o fundamental. Não sei de onde você tirou o caráter "público" da Shell. Seus maiores controladores são dois grupos financeiros: Capital Research Global Investors, com 9,85% e BlackRock, com 6.89%. E como se sabe o grande capital não se importa com nada a não ser seus próprios lucros.

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  4. Seguindo seu raciocínio, Bangladesh teria de tarefa de pressionar a Holanda a emitir menos carbono ?
    Ou Bangladesh teria que ZERAR sua emissão de carbono, na esperança de que isso faça alguma diferença ?
    Quando é que isso vai acontecer ?
    O rabo vai abanar o cachorro ?
    O fato de o Molión palestrar para o público direitista e empresários do agronegócio faz sentido, já que o Molión fala o que eles querem ouvir. Não se convida um ateu para fazer sermão em uma igreja. Vi palestras do Molión no Clube de Engenharia, no sindicato de processamento de dados, etc. Além das palestras aos fascistas, parece que ele fala também aos demais cidadãos, desde que seja convidado.
    Sobre a Shell, parece que agora ela não é mais uma estatal holandesa, mas já foi. A Holanda continua tendo várias empresas de tecnologia de ponta para a indústria do petróleo.

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  5. Caro Alexandre,

    A sua afirmação: "Os supostos resultados foram obtidos usando um modelo ultra-simplificado, com uma escolha arbitrária de parâmetros", seria tão válida quanto esta : " Os supostos resultados(do IPCC) foram obtidos usando vários modelos ultra-complexos, com várias escolhas arbitrárias de parâmetros.".

    A escolha arbitrária de parâmetros é usada em qualquer modelo, por mais completo e complicado que seja.

    Ou não é ?

    A sua área de pesquisa, a física de nuvens é uma das arbitrariedades cometidas, uma vez que não há como afirmar, se o feedback do vapor de água é positivo, neutro ou negativo. Você tem a sua crença no ligeiramente positivo, mas sabe do fundo de sua alma que ela pode estar errada e que não há como resolver essa equação nem nos modelos ultra-complexos.

    Você faria muito bem ao restante da comunidade científica, e ao público em geral, se falasse abertamente sobre cada arbitrariedade dos modelos ultra-complexos, de suas incertezas, etc...

    Mas você não iria fazer isso, não é mesmo ?

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    Respostas
    1. Aníbal

      Eu lamento muito que você demonstre, além do tom agressivo, falta de conhecimento de causa acerca dos modelos climáticos.
      No que é fundamental, não há parâmetros arbitrários. Constantes físicas (constante de Stefan-Boltzmann, constante universal dos gases e várias outras) e características intrínsecas ao sistema Terra (gravidade, parâmetro de Coriolis) aparecem nas equações básicas como elas são. Naquilo que os modelos resolvem explicitamente não há margem de "escolha", a não ser do método de aproximação numérica a ser adotado para resolver as equações diferenciais parciais (o que é inevitável posto que as mesmas não têm solução analítica).
      No que tange ao que não é explicitamente resolvido, temos as chamadas parametrizações físicas (que representam o efeito de processos de menor escala como turbulência e convecção). Mas mesmo estas não são construídas utilizando-se números arbitrários cujo efeito já é conhecido de antemão (o que foi o caso do "modelo" de Soon e companhia). Ou advém de curvas de regressão obtidas diretamente de dados observados ou de resultados de modelos de alta resolução utilizados para simular os fenômenos específicos que citei. Mesmo aí, a margem para ajuste é pequena e não é feita de forma arbitrária.
      Há, evidentemente, diferentes formas de "parametrizar" (o que significa representar através de fórmulas empíricas, mas não adotar parâmetros arbitrários) os processos físicos nos modelos climáticos e as incertezas contidas nessas componentes individuais, bem como as já citadas incertezas nos métodos numéricos constituem a base para a incerteza geral dos modelos climáticos.
      Nesse contexto, os padrões climáticos emergem das soluções desses modelos. Eles não são "fabricados" via escolha arbitrária de números. E aí você se equivoca profundamente quando, sem conhecer as entranhas dos modelos, diz que não há como resolver equações que mostrem, por exemplo, o feedback do vapor d'água. Pelo contrário, a solução das equações diferenciais parciais acopladas que regem a dinâmica do Sistema Terra é tão elegante, que processos sutis como a formação da ZCIT, das altas subtropicais, o aparecimento de regiões de ressurgência nos oceanos, o bombeamento de Ekman e muitos outros fenômenos observados aparecem nos resultados, sem que ninguém os introduza lá.
      É isso que você precisa entender ao invés de dar ouvidos a quem abertamente não sabe o que os modelos contêm: eles são ferramentas poderosas, sofisticadas, com incertezas, por óbvio, mas testadas e validadas continuamente pelos grupos de pesquisa que os desenvolvem. E a capacidade de simularem os processos reais no sistema Terra são surpreendentes.
      Há material vasto sobre isso na rede mas, até por conta da sua provocação, como você viu, já abordei pelo menos em parte o que você "pediu".
      Minha sugestão, para concluir: você poderia se informar melhor antes, através de outras fontes confiáveis, e poderia adotar um outro tom em suas postagens. Afinal, você está querendo mesmo uma conversa produtiva ou apenas misturar acusações injustas com colocações deslocadas da realidade?

      Excluir
  6. Caro Alexandre ,

    Poucos comentam suas publicações aqui. Venho esporadicamente, mas contestando. Se preferir, paro.

    Prefiro conteúdos mais técnicos aos de opinião ou panfletários. Aqui é exceção, pois sei que você é cientista da área, e poderia contribuir muito, desde que estivesse disposto. O único risco de conversar com você é a sua intenção, talvez até inconsciente, de arregimentar mais um fiel para as fileiras do ecossocialismo em vez de discutir o assunto abertamente.

    Meu tom, apesar de soar agressivo, não chega a ter a mesma agressividade de suas mensagens, como por exemplo a de "exterminar" setores acadêmicos que não pensam como você, ou mudar toda a dinâmica da economia mundial, acabando com as separações territoriais, criando um único país mundial, etc.

    E se você fosse um estromatólito ambientalista superdotado vivendo na terra há 3 bilhões de anos ?

    Convenceria outros estromatólitos a parar de produzir O2, pois isso no futuro alteraria a atmosfera, gerando um ser destruidor de tudo, inclusive dos oceanos ?

    Caso conseguisse e adotassem controle de natalidade, uso racional de recursos naturais a ponto de garantir a mesma vida naquele habitat por mais alguns bilhões de anos ?

    Meu conhecimento sobre modelos climáticos, é superficial visto que não trabalho nisso e nunca estudei na área. Minhas áreas de conhecimento são a engenharia química, a computação e a automação industrial.

    Já a minha opinião sobre as limitações dos modelos climáticos, apesar de ter sido instigada pelo Molión, já foi exaustivamente confirmada com pesquisas na Internet, usando somente material produzido por integrantes do IPCC, como os irmãos Nobre, por exemplo.

    Creio que foi de você que ouvi, ou li, não me lembro bem, que não era possível determinar com certeza se o feedback de nuvens era positivo, neutro ou negativo, mas que acreditava ser ligeiramente positivo. Isso não é acusação, pois não há nada de errado em optar por uma linha de pesquisa, numa matéria tão complexa como essa.
    Muito obrigado por aprofundar sobre modelos climáticos, o que eles fazem e/ou não fazem. Quando falo sobre as possíveis arbitrariedades existentes neles, falo em tese. Afinal, se todos os processos físicos estivessem descobertos e matematicamente resolvidos, ou bem encaminhados, já teríamos os modelos acertando o tempo e o clima dia a dia para os próximos milhares de anos. Se não conseguem isso, e aliás passam muito longe disso(já pesquisei em um trabalho do IPCC Brasil), é sinal de que alguma(s) dessas coisas esteja(m) acontecendo:
    . Falta descobrir/entender alguns processos físicos, químicos ou biológicos importantes.
    . Alguns dos processos já descobertos estão mal modelados.

    Isso não seria impossível se fosse feito um esforço concentrado. O fato de não estarem fazendo e nem se movimentando para fazer, é um sinal de que seria improdutivo. O esforço não valeria a pena.

    Dizer que os modelos são capazes de simular as ZCIT, é "chover no molhado", pois é sabido o nível de acerto e confiabilidade das previsões meteorológicas. Daí a fazer um balanço energético global, são outros quinhentos.

    Se os modelos fossem capazes de fazer o que dizem, as ZCIT’s, e demais coisas, não apenas “brotariam” nas simulações sem ser colocadas, mas no local, e data exatos, permitindo previsões de secas e enchentes com décadas de antecedência. Isso está muito longe de acontecer. Talvez nunca aconteça, infelizmente. Aí teremos que adotar outras providências para tentar prolongar nossa existência o máximo possível.

    Devemos fazer o papel de estromatólito superdotado visionário e frear o crescimento ?

    Isso impediria o aparecimento de uma nova era do gelo ?

    Caso fôssemos capazes de zerar nossa emissão de carbono, o que garantiria que não haveria mais mudança climática, ou outro tipo de catástrofe capaz de nos exterminar ?

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