Uma das maiores panacéias que vêm sendo vendidas à sociedade brasileira é que a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia irá nos assegurar segurança energética no futuro. Há também toda uma chantagem do tipo "ou isso ou as termelétricas", estas, que seriam apenas uma reserva energética mas que estão literalmente a todo vapor e a todo CO2, além de levarem a um aumento no valor médio da tarifa. A ostensiva campanha em torno de Belo Monte, Jirau e outros belos monstros anestesia grande parte da sociedade brasileira, que prefere ver os povos indígenas do Xingu e do Tapajós completamente extintos a trocarem seu chuveiro elétrico por um sistema de aquecimento solar de água (calma... de que água mesmo estamos falando?).
A frase que dá nome a este blog foi proferida por Jim Hansen, pesquisador senior da NASA, preso num protesto em frente à Casa Branca. Refere-se à necessidade de que os cientistas do clima comuniquem à sociedade seus conhecimentos pois estes se relacionam a questões cruciais para o futuro do gênero humano e da vida no planeta. O megafone da foto simboliza essa atitude de falar sobre o risco climático em voz alta, de forma enfática e com o maior alcance possível.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
O Quinze 2.0 exige resposta: Água para Quem?
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Quase 2/3 de chance de chuvas abaixo do normal. Chega de ilusões. É preciso encarar de forma cristalina como água limpa a questão fundamental: ÁGUA PARA QUEM? |
Há alguns anos, já venho alertando para as consequências da crise climática, que seriam mais graves e mais profundas. Já cansei de repetir que é inaceitável sustentar, no semi-árido, atividades econômicas intensivas como o agronegócio de fruticultura irrigada e uma termelétrica a carvão (haja CO2) que sozinha consome quase 1000 litros de água a cada segundo (ou três milhões e meio de litros de água por hora, o que seria suficiente para abastecer mais de meio milhão de pessoas!). Isso foi feito em diversos artigos, como este, publicado no presente blog, ou este, publicado na grande imprensa e em diversos pronunciamentos junto a movimentos sociais.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Desigualdade e Irracionalidade, Marcas da Crise Climática
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A equação é simples: a pegada de carbono está fortemente correlacionada com a renda e o consumo. Os ricos, menos vulneráveis, são os que mais emitem. |
Um dos fatores que leva à paralisia é a evidente desigualdade entre beneficiários das emissões de gases de efeito estufa e os mais atingidos pelos impactos das mudanças climáticas. No que diz respeito aos Estados nacionais, os dois conjuntos (maiores beneficiários versus principais atingidos) contêm interseções, claro, mas a regra é o contrário, isto é, em geral, os países que estão na linha de frente do risco climático estão longe de ser os que mais geraram e acumularam riqueza propulsionados pela queima de carvão e petróleo.
sábado, 17 de janeiro de 2015
O Clima não Joga Dados! (nem aposta na mega-sena)
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Royal Straight Flush: o sonho de consumo do jogador de poker é 40 vezes mais provável do que "não existir aque- cimento global". |
Ganhar 4 vezes seguidas na roleta, apostando diretamente no número? É possível, mas bem pouco provável, afinal a probabilidade é de uma em trinta e sete multiplicado por ele mesmo quatro vezes, ou seja, uma em 37 x 37 x 37 x 37 = 1.874.161
Quais as chances de se morrer atingido por um raio? Uma em 2.320.000 (claro, desde que você não suba ao topo de uma montanha no meio de uma tempestade segurando uma vareta metálica apontada para o céu).
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
2014: Uma Odisseia na Estufa
Nas mãos de Arthur C. Clarke, 2001 e 2010 já foram sinônimos de ficção científica, anos popularizados através dos filmes da "Odisseia no Espaço". Qualquer data além disso poderia ser objeto de especulações acerca de um futuro em que a tecnologia pudesse proporcionar conquistas formidáveis ou, pelo menos, como no bem menos pretensioso "De Volta para o Futuro", o uso cotidiano de tênis que se ajustam sozinhos ou skates voadores.
Mesmo fora do terreno da ficção, mas na seara das projeções para o futuro, 2014, antes de virar passado, provavelmente já foi vislumbrado, há algumas poucas décadas, como o ano em que se teria encontrado a cura definitiva para o câncer ou a AIDS, erradicado o analfabetismo em escala mundial, enviado a primeira missão tripulada a Marte, abolido definitivamente as armas nucleares ou debelado a fome, os conflitos territoriais, étnicos e religiosos. Era um tempo em que a ficção e até mesmo análises da realidade aparentemente coerentes tendiam a projetar mais avanços e menos cenários distópicos. Estes foram se tornando cada vez mais frequentes, de Mad Max a Wall-E; de Matrix ao interessantíssimo "Uma História de Amor e Fúria", apenas para citar alguns exemplos.
O NOVO RECORDE DE TEMPERATURA GLOBAL
Eis que 2014 chegou e ao contrário da solução de algum grande problema da humanidade, ele trouxe o traço simbólico da incapacidade de resolução do maior deles. Consolidados os dados, como já se esperava nos últimos meses, está confirmado: 2014 é o ano mais quente de todo o registro histórico de temperatura global, iniciado em 1880.
Mesmo fora do terreno da ficção, mas na seara das projeções para o futuro, 2014, antes de virar passado, provavelmente já foi vislumbrado, há algumas poucas décadas, como o ano em que se teria encontrado a cura definitiva para o câncer ou a AIDS, erradicado o analfabetismo em escala mundial, enviado a primeira missão tripulada a Marte, abolido definitivamente as armas nucleares ou debelado a fome, os conflitos territoriais, étnicos e religiosos. Era um tempo em que a ficção e até mesmo análises da realidade aparentemente coerentes tendiam a projetar mais avanços e menos cenários distópicos. Estes foram se tornando cada vez mais frequentes, de Mad Max a Wall-E; de Matrix ao interessantíssimo "Uma História de Amor e Fúria", apenas para citar alguns exemplos.
O NOVO RECORDE DE TEMPERATURA GLOBAL
Eis que 2014 chegou e ao contrário da solução de algum grande problema da humanidade, ele trouxe o traço simbólico da incapacidade de resolução do maior deles. Consolidados os dados, como já se esperava nos últimos meses, está confirmado: 2014 é o ano mais quente de todo o registro histórico de temperatura global, iniciado em 1880.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Contra o Negacionismo Oficial: é preciso defender a Ciência brasileira
Dois textos de autoria do agora ministro são duas verdadeiras pérolas de ignorância relativa à ciência do clima, ao mesmo tempo em que se caracterizam pelo acentuado grau de arrogância. O primeiro e mais importante, é o relatório que Aldo Rebelo preparou para alterar profundamente o Código Florestal. Dentre outras coisas (como tratar "o homem como o único ser vivo dotado de consciência e inteligência, capaz de interagir com a natureza e de transformá-la"), sua visão da Amazônia é assustadora, como se vê na passagem a seguir (parte de uma extensa citação de um livro do geógrafo Josué de Castro, publicado em 1946 e que Aldo Rebelo reivindica como correta...):
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