terça-feira, 25 de outubro de 2016

Sobre os Graves Erros de Cowspiracy

A indústria da carne produz enormes impactos
ambientais e climáticos, mas, ao exagerá-los,
Cowspiracy termina prestando um desserviço:
confunde e desinforma.
O filme "Cowspiracy" apareceu como uma verdadeira bomba quando foi lançado em 2014. Até hoje é mencionado como um exemplo de financiamento coletivo muito bem sucedido e, tendo conquistado Leonardo DiCaprio como produtor-executivo, estreou no Netflix em 2015, ganhando muita audiência e com uma mensagem (pelo menos aparentemente) contundente. Não cheguei a encontrar informações a esse respeito, mas acredito que a essa altura o público atingido tenha se multiplicado bastante, podendo ter chegado a vários milhões de pessoas. É um fato que o debate alimentar tem sido omitido injustificadamente em vários momentos. E isso quando, juntando-se as emissões de metano e óxido nitroso da agropecuária com o desmatamento, chega-se a aproximadamente um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, não pode permanecer em tal situação. Em nosso blog, abrimos o debate com dois artigos e pretendemos voltar a ele mais extensivamente em outros momentos. Nesse contexto, portanto, considero que seria excelente se o debate do impacto ambiental e climático da produção de alimentos pudesse chegar, de forma didática e precisa, a um público bastante amplo, por meio de um documentário. Seria...


Seria, mas no caso de Cowspiracy não foi, nem de longe. Quando assisti ao filme, confesso que ele me trouxe uma série de incômodos por diversos erros científicos e políticos, mas em geral tinha a avaliação de que ele seria benéfico para a causa ambiental e climática. Ainda assim, incômodos à parte, tendia a ser condescendente com o filme,  pois achava apenas que tinha sido uma oportunidade perdida de mostrar as coisas de maneira séria, cientificamente coerente e com uma crítica sistêmica. Irritava-me particularmente o exagero sobre o papel da pecuária no clima (até porque não é preciso exagerar para que as pessoas entendam o estrago), mas não chegava ao ponto de me dispor a criticar pública e diretamente o filme, ou de confrontar aqueles e aquelas que tanto se empolgavam com sua mensagem. O que posso dizer, porém, é que minha visão tem mudado. Hoje, tenho muitas dúvidas do efeito geral benéfico (ou mesmo benigno) de Cowspiracy e temo pelos efeitos diretos e colaterais de algumas das mensagens do filme. Por isso, resolvi escrever este artigo de crítica a ele.

A PECUÁRIA É AMBIENTAL E CLIMATICAMENTE DESASTROSA MAS NÃO É A PRINCIPAL CAUSA DO AQUECIMENTO GLOBAL

Uma importante fonte de dados de Cowspiracy
usada nos ataques a ONGs como Greenpeace,
350.org e outras é um relatório de um "instituto
independente" cujo fundador dirige... uma ONG.
No mínimo estranho...
Com efeito, diversas pessoas de luta, ambientalistas, ativistas, nas redes e em reuniões, têm adotado Cowspiracy como referência sobre as causas do aquecimento global.  Ao ver o exagero da contribuição climática da pecuária sendo seguidamente reproduzido por ativistas, ecossocialistas, lutadores sócio-ambientais, convenci-me de que o filme presta, nesse aspecto, um grande desserviço. Como discuti neste artigo, o IPCC ao agrupar a agropecuária com o uso da terra, estima que globalmente esse segmento responda por emissões da ordem de 10 a 12 bilhões de toneladas de CO2e por ano (GtCO2e), ou pouco menos de um quarto das emissões globais, distribuídas em diversos subsetores, dentre eles a pecuária. Daí, considerando que os impactos do conjunto da agropecuária (não apenas a carne) responde por menos de 25% das emissões globais, dizer que a pecuária sozinha responde por 51%, como Cowspiracy chega a afirmar, é no mínimo irresponsabilidade (na seção de "fatos" do site do filme, está lá a afirmação, em letras garrafais: "A criação gado e seus subprodutos respondem por pelo menos 32 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano, ou 51% de todas as emissões de gases de efeito estufa").

Primeiro, a irresponsabilidade não está apenas, nem sobretudo, no exagero em si, mas na relação com as demais fontes de emissão, especialmente os combustíveis fósseis. Se a agropecuária, incluindo desmatamento, responde por 25%, o resto (e quase todo o resto é queima de combustíveis fósseis para eletricidade, transporte, indústria, etc.) produz 75%. Mas se a pecuária sozinha respondesse por 51%, todo o resto só responderia por 49% e aí é o filme não se torna apenas equivocado, mas nocivo, por subestimar grosseiramente o papel central da indústria de combustíveis fósseis no colapso climático.

Não é necessário nenhum exagero para mostrar que a criação
de gado é um desastre para o clima, a biodiversidade, as reser-
vas hídricas, etc. Mas quando se adota esse tipo de exagero,
termina-se por minimizar outros problemas - que são, sim,
(pelo menos em determinados aspectos, como o clima) mai-
ores, como o uso de combustíveis fósseis, algo inadmissível.
Segundo, a irresponsabilidade se dá em relação à (única) fonte usada para chegar a esse dado falso. Trata-se de um relatório do Worldwatch Institute, repleto de problemas técnicos. Para se trabalhar informação tão crítica, chega a ser inacreditável que o documentário não tenha se baseado na literatura revisada e tenha simplesmente abraçado números tão inflados. Ignorar o que toda a comunidade científica produz, expressa nos relatórios do IPCC e no conjunto de artigos publicados na literatura científica revisada para abraçar um único texto porque este reforça o seu ponto de vista não é uma postura honesta. Perdoem-me os entusiastas de Cowspiracy, mas é uma postura pouco séria, que lembra inclusive... a dos negacionistas das mudanças climáticas...

Para quem estiver curioso de saber como foi que o Worldwatch chegou nesses números, eu fui examinar o relatório e vejam só... ele além de utilizar sempre estimativas superiores das emissões de gases por exemplo associadas à fermentação entérica, inclui a respiração dos animais. Metodologicamente é desprovido de base científica, pois respiração-fotossíntese é um binômio neutro em carbono. Por coerência, o cálculo sequer poderia excluir a respiração dos animais silvestre e dos próprios seres humanos. O que torna a pecuária (especialmente de ruminantes) não neutra em carbono é que o carbono que é sequestrado pelo pasto ao crescer sai da atmosfera na forma de CO2, mas parte dele é devolvido na forma de metano (CH4) cujo potencial de aquecimento global é estimado como 34 vezes maior. Esse desequilíbrio é que é a chave da contribuição da pecuária para a crise climática.

A redução global do consumo de carne, especialmente nos paí-
ses "desenvolvidos" e nas grandes cidades é evidentemente
necessária, mas eliminar a pesca artesanal ou a caça pratica-
da por comunidades originárias como alternativa de fonte pro-
téica pode carregar um perigoso pensamento neocolonialista. 
Aliás, é importante acrescentar neste ponto que mesmo a produção de vegetais, se for feita mediante a aplicação de fertilizantes nitrogenados, pode não ser neutra, ou na verdade longe disso, por conta das emissões de óxido nitroso, gás com potencial de aquecimento global 265 vezes maior do que o do CO2, o que mostra que uma produção agrícola de vegetais nos moldes daquela em que o agronegócio costuma aplicar pode ter forte impacto climático, mesmo sendo essa produção voltada para o consumo humano e não o de ração.

Cowspiracy, portanto, foge da ciência, defende números falsos e inventa que a maior responsabilidade pelo aquecimento global é a pecuária. Isso é mentira. Ela é, sim, um grande contribuinte para o processo, mas mesmo somando as emissões de metano e desmatamento, vem, globalmente, após a queima de carvão, petróleo e gás. Daí, embora eu tenha plena convicção de que seja necessário reduzir drasticamente o consumo de carne principalmente no mundo "desenvolvido" e considere todo o debate do sofrimento animal e da transição ao veganismo inteiramente legítimo, tal debate não pode ser dissociado da concepção de produção agrícola como um todo, da necessária transição para arranjos produtivos referidos como agroecológicos, sintrópicos, etc. e que guardam relação inclusive com dietas não necessariamente veganas, mas de baixíssima pegada de carbono, como é o caso de muitas comunidades tradicionais e povos originários.

Algo que precisa ser acrescentado no debate é que o tempo de residência mais curto do metano na atmosfera, em comparação com o CO2, é ao mesmo tempo a virtude e a miséria das soluções climáticas centradas numa revolução alimentar (redução do consumo de carne e, no limite, veganismo). Cortar emissões de metano ajuda a conter o aquecimento global de curto prazo e pode nos dar fôlego ao enfrentamento de mais longo prazo, mas exatamente por isso não pode servir de "distração", ou seja, não pode nos desviar da tarefa fundamental de combater o efeito cumulativo do aquecimento, que se dá em maior escala através de m gás de efeito estufa de vida mais longa como o CO2. Mais do que isso, é importante dizer que reduzir drasticamente as emissões de metano não é só "cortar a carne". As emissões fugitivas, isto é, o vazamento de metano na exploração de petróleo e gás natural, são da ordem de magnitude das emissões de metano da pecuária (o AR5 do IPCC, estima que a contribuição global das emissões fugitivas e "flaring" é de 6% do total). Então, mesmo a lógica de atacar o impacto climático desse gás de vida média mais curta para ganhar algum fôlego imediato no enfrentamento da crise climática não pode se dar substituindo metano de gado bovino por metano de fracking, por exemplo...

EM MEIO A ACERTOS, MAIS ERROS SOBRE OS OCEANOS

Como se sabe, o colapso ecológico não se resume ao caos climático, incluindo aspectos como o uso da terra, a biodiversidade, o consumo de água doce, os ciclos biogeoquímicos e os demais limites debatidos em um artigo seminal por Röckstrom et al. (2009) e que ficaram conhecidos como "fronteiras planetárias".

A tabela de Hoekstra et al. (2008) traz indicações incômodas
não apenas para os consumidores de carne bovina mas tam-
bém para os apreciadores de chocolate, único produto vegetal
cuja pegada hídrica é comparável à do boi... 
No que diz respeito ao uso da água, os dados não parecem ser tão discrepantes em relação a estudos confiáveis. De fato, embora haja divergência nos números precisos e haja variabilidade de região para região, vários estudos convergem no sentido de que a pecuária tem uma pegada hídrica com efeito bastante grande. Por exemplo, Eshel et al. (2014) mostram que, com incertezas, a pegada hídrica da produção de carne bovina é cerca de 11 vezes maior do que a de outras carnes (além de requerer 28 vezes mais terra, emitir 5 vezes mais gases de efeito estufa e liberar 6 vezes mais nitrogênio reativo no ambiente). Hoekstra et al. (2008) se refere aos 15.500 litros de água para produção de 1 kg de carne bovina, muito acima da maioria dos produtos vegetais (mais de 100 vezes a pegada hídrica do alface, por exemplo), mas ainda assim, segundo esses autores, abaixo do chocolate, que demanda 24.000 litros de água por quilo do produto.

Do ponto de vista do uso do solo, Cowspiracy também acerta essencialmente, pois a criação de gado e o plantio de grãos para ração animal são ambos vetores violentos de desmatamento. É o caso do Brasil, mas novamente não é um problema exclusivo do gado, pois sobretudo a soja, esta em sua maioria voltada para a produção de ração animal, responde pelo desmatamento recente. Percebe-se que, de um jeito ou de outro, uma dieta com muita carne demanda muita terra (seja para a criação dos próprios animais em condições extensivas, seja para plantio dos alimentos para estes em regime de confinamento). E evidentemente desmatamento se traduz, dentre outros efeitos, em perda de biodiversidade dentre outros. Mostra que livre dos exageros e dos dados inflados, Cowspiracy poderia ter sido excelente ferramenta didática para o entendimento do colapso ambiental, não fosse ao mesmo tempo tão monotemático e tão alheio à ciência. Lamentável que esse pontencial tenha sido desperdiçado.

Muito nitrogênio reativo é efetivamente produzido na pecuária,
mas elegê-la como a grande ameaça aos oceanos é no mínimo
um exagero num contexto em que plástico e acidificação po-
dem simplesmente dizimar a biota marinha na escala global. 
Existe, portanto, um erro de origem em Cowspiracy. Novamente no site do filme, aparece a informação de que "a agricultura animal é a principal causa de extinção de espécies, zonas mortas oceânicas, poluição das águas e destruição de habitats". Há que se verificar os demais aspectos dessas afirmações, mas especialmente no que diz respeito aos impactos oceânicos, o exagero é evidente. A Surfrider, por exemplo, por ser uma organização que lida com os impactos nos oceanos e zonas costeiras se viu na obrigação de desmentir essa afirmação (que é mais uma que não vem da literatura científica revisada), afirmando: "apesar de a agricultura e o confinamento serem um fator relevante em muitos locais, outras áreas são dominadas por fontes urbanas de poluição". E acrescenta "há várias outras ameaças aos oceanos e costas, incluindo mal planejamento da ocupação litorânea, exploração marinha de óleo e gás, destruição e alteração de habitats e os impactos das mudanças climáticas".

De minha parte, não tenho receio em afirmar que se trata de mais uma "bola fora". Além da sobrepesca (que o próprio Cowspiracy também aborda) carece de qualquer sentido omitir o dano causado pelo plástico, sobre o qual há inúmeras evidências e pela acelerada acidificação oceânica, que ocorre concomitantemente às mudanças de temperatura dos mares. Neste ponto, não custa nada lembrar: tanto o plástico quanto a mudança de pH entram na conta principalmente não da indústria da carne, mas da indústria do petróleo e demais combustíveis fósseis!

AS "ONGs" COMO ALVO? UMA PÉSSIMA OPÇÃO!

ONGs como Sierra Club, Avaaz, 350.org e Greenpeace, cada
qual com suas virtudes e limitações têm, em geral, contribuído
para a elevação da consciência social sobre a questão climática.
Cowspiracy escolhe muito mal o alvo.
Além do foco da pecuária como "O" grande problema ambiental global e não como "UM" grande problema que se conecta a outros aspectos do colapso ecológico planetário que caracterizam o Antropoceno e desnudam o caráter predatório do sistema econômico em voga (o capitalismo), algo bastante evidente, e que guarda conexão com esse fato é o alvo escolhido. Além evidentemente da indústria da carne (este, um inimigo correto), o filme desde o início bate muito duro em ONGs ambientalistas.

A escolha de alvo, assim, me parece ser muito equivocada. Ainda que o foco fosse na indústria da carne, não se pode seriamente separar o conjunto dos setores diretamente anticlima e antiambiente (o que inclui o setor de energia, a indústria de combustíveis fósseis, a agroindústria em geral, a mineração, etc.). Sequer se pode separá-los da lógica geral de consumo em uma ponta e o suporte assegurado pelo capital financeiro em outra, especialmente quando se faz uma crítica tão dura a quem combate a exploração de petróleo, gás e carvão como se isso fosse um erro ou algo pior. Na verdade, o sentimento que o filme passa é que Kip Andersen e Keegan Kuhn, de posse de uma pretensa verdade absoluta, defendida quase que religiosamente ("o maior problema do clima é o consumo de carne"), tratam Greenpeace, 350.org e outras ONGs não apenas como equivocadas, mas praticamente cúmplices, cúmplices dessa estranha "conspiração da vaca".

Nesse sentido, não é que se trata apenas de algo desproporcional. É algo que deriva para a leviandade. Eu gostaria de ver mais campanhas contra a indústria da carne, gostaria que esse debate fosse mais internalizado junto aos movimentos sociais e ambientais, assim como eu gostaria que o entendimento da necessidade de abandonar os combustíveis fósseis também estivesse num patamar muito superior ao que está. Abrindo parênteses, devo dizer que estamos tão atrás nesse quesito que no Brasil sequer se consegue o convencimento em torno da necessidade de manter o pré-sal intacto, algo que é básico. Tenho também muitas críticas a posturas que vão de método a financiamento da parte de inúmeras ONGs, sou um opositor ferrenho às alianças praticadas e às sistemáticas participações em práticas de greenwashing por parte de boa parte delas, mas as considero aliadas e portanto as críticas que lhes faço são radicalmente distintas em tom e conteúdo das que disfiro contra os inimigos.

Aliás, embora eu não tenha encontrado nada desabonador em relação ao Worldwatch (que se auto-intitula um "instituto independente de pesquisa") e seu fundador, Lester Brown, é preciso apontar as contradições de Cowspiracy neste caso. Primeiro, que Lester Brown, além de um forte crítico das energias dirige/inspira uma ONG, o Earth Policy Institute (EPI). Mais, a atuação dessa ONG é muito mais restrita ao papel de "think tank", de formulador de políticas. É algo muito aquém da "pegada" de confronto das ONGs que o próprio filme Cowspiracy critica, como o Greenpeace (que publicou respostas ao filme, inclusive esta, disponível no site em português) e a 350.org (isto, aliás, me aproxima e me desperta bem mais simpatias por estas ONGs do que por aquelas que ficam apenas dentro de gabinetes). Em geral, não vejo nenhum motivo para considerar que o EPI tenha mais credibilidade do que o Greenpeace ou do que a 350.org e achei razoáveis o tom e o conteúdo das respostas do primeiro às críticas que lhe foram feitas (não encontrei uma resposta específica da 350 às críticas feitas em Cowspiracy). O "anti-onguismo" com cara de "teoria da conspiração" do filme neste caso não apenas lembra a postura de negacionistas desenvolvimentistas, como Aldo Rebelo, como se mostra muito seletiva. Vale para algumas ONGs que combatem a indústria fóssil, mas não para outras.

Por fim, reafirmando que advogo profundas transformações na produção de alimentos para combater a crise climática e ambiental, e há tempos digo que elas são necessárias e urgentes, não posso aceitar que, além de inflar as emissões da pecuária, distorcendo fatos científicos básicos, termine-se, voluntariamente ou não, "limpando a barra" dos combustíveis fósseis. A quem serve Cowspiracy, quando ataca ONGs como Greenpeace, 350 e outras e poupa Shell, Exxonmobil, BP e demais criminosos climáticos?

EM RELAÇÃO AO CLIMA, QUE CONSPIRAÇÃO EXISTE, COMPROVADAMENTE?

O mote de Cowspiracy é uma suposta "conspiração" para esconder que a o consumo de carne é, senão sozinho, pelo menos disparadamente, a grande causa do desastre ecológico global. Mas como mostramos, as evidências vão noutro sentido: a indústria da carne não tem um papel central isolado; antes tem um papel relevante que se soma ao de outros diversos agentes. Especificamente em um aspecto, o da mudança climática, não pode haver dúvidas da centralidade global da queima de combustíveis fósseis. Não pode haver conspiração para "esconder a verdade", se a verdade decantada pelo filme não existe ou, na melhor das hipóteses, é uma meia-verdade que foi distorcida por exageros e falta de compromisso com a ciência.

Não há evidências de uma "conspiração" para esconder o pa-
pel da pecuária no aquecimento global. Por outro lado, sobram
provas documentais de uma grande conspiração da indústria
fóssil, com a Exxon à frente, para esconder o que se conhecia
sobre o risco oferecido pela queima de petróleo, gás e carvão.
Na verdade, sobre o clima, muito além de uma "Cowspiracy" ("conspiração da vaca") existem uma "Coalspiracy" (do carvão), "Oilspiracy" (do petróleo), "Gaspiracy" (do gás). Com efeito, a única conspiração que foi de fato desvendada foi a de que as petroquímicas sabiam dos estragos do aquecimento global há 40 anos ou mais! O que existe é uma vasta quantidade de documentos, mostrando que principalmente a Exxon sabia de tudo, através dos cientistas que para ela trabalhavam e que essa empresa e outras deliberadamente esconderam tudo e financiaram negacionistas climáticos durante todo esse tempo.

Não há evidências, é claro, para fazer acusação de uma postura de má fé por parte dos film-makers responsáveis por Cowspiracy, até porque Leonardo DiCaprio, agora no projeto, tem sido efetivamente uma figura pública bastante importante na defesa do clima. No entanto se fôssemos procurar pelo em ovo, pulando de conspiracionismo em conspiracionismo sem apresentar evidências, daqui a pouco alguém poderia dizer que seriam eles que estariam servindo à indústria fóssil, desviando a atenção da questão climático do maior inimigo para o segundo maior. Então fica evidente que o mote "conspiratório" é péssimo, um beco sem saída. O mote tem de ser o das evidências...

E o que estas dizem? Que sim, precisamos falar da pecuária, precisamos combatê-la, defender a agroecologia, uma redução significativa do consumo da carne, uma transição alimentar em paralelo à transição energética; que precisamos parar de adiar o debate do sofrimento animal, ligando-o ao debate climático, hídrico, etc., mas sem uma visão de colonizador; que precisamos criticar quem deve ser criticado no ambientalismo, mas de forma justa e fraterna. E há que se dizer que não se pode colocar o combate à pecuária em primeiro plano isoladamente, quase que em oposição à luta urgente e fundamental para encerrar de uma vez as atividades da indústria fóssil; que não há espaço para veganos andando de SUV e abusando do consumo de bens produzidos em indústrias movidas à queima de óleo, gás e carvão, afirmando claramente que estes precisam ficar no chão; que a crítica precisa ser mais totalizante, compreendendo a contradição insolúvel entre um sistema expansionista de produção de mercadorias e os ciclos e fluxos que compõem o metabolismo do Sistema Terra; que o que está colocado é, emfim, uma guerra de sistemas e não uma "conspiração de vacas".

57 comentários:

  1. parabéns pelo texto, alexandre! como alguém preocupado com a sustentabilidade planetária e que atua com projetos ambientais de combate ao desmatamento na amzônia, fiquei bem impactado com o filme, mas também um tanto desconfiado de dados e posturas. foi muito bom ler seu embasado contraponto, especialmente na comparação de impacto agropecuário com o fruto de queima de combustíveis fósseis e também na diferenciação da pecuária bovina de outras modalidades de criação animal para consumo humano. :-)

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  2. Ótimo texto. Assisti Cowspiracy e o tom conspiratório nunca me agradou. Smp digo q as pessoas assistam o filme c ressalvas pois várias das informações dadas não foram revisadas. Dito isso, ainda acho um doc importante p dispertar nas pessoas o sentimento de choque, p q, posteriormente, eu possa explicá-las c maior acurácia a verdade. Novamente, ótimo texto.

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  4. Puxa, muito obrigada pelo texto, eu realmente já acreditei nessa ideia que a agropecuaria era uma das maiores responsáveis pelo aquecimento global. Mas depois de assistir Cosmos e ler seu texto, me fez refletir. Eu sou adepta do veganismo por questão de saúde, mas nunca entendi esse boom de "estilo" de vida vegan. Nunca entendi como pessoas podiam acreditar que apenas parar de comer produtos de origem animal ia fazer um super diferença, mas continuam adorando o capitalismo e todo sistema. Seria preciso sair desse planeta pra realmente ajudar todos os seres. Muito esclarecedor você citar que cortar o metano daria uma sobrevida, porque isso me leva a concluir porque há esse interesse em converter uma parte da população ao veganismo.

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    1. Então vc não é vegana, é vegetariana. O conceito de veganismo não está associado à vida humana, nem a saúde humana, mas aos ANIMAIS NÃO HUMANOS. E veganismo não é life style, nem dieta.

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    2. Você se diz vegana mas não entendeu absolutamente nada sobre o fundamento da ideia. Veganismo é antes de mais nada pelos animais.

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  5. Gostei do texto, acho que ele chama a atenção para algumas das falhas no posicionamento do documentário. Principalmente quanto a controversa afirmação de que a agropecuária é a maior causadora de poluição na atmosfera, ainda não tenho certeza quanto a nenhum dos dados, vou pesquisar mais sobre para tirar minhas próprias conclusões quanto esse assunto, mas 25% ou 51% de emissão é o suficiente para uma reflexão sobre o consumo de carne. Não acho que o filme preste desserviços, principalmente quanto a abordagem com as ONGs, eu cheguei a ler a resposta do GreenPeace e eles confirmam que não entram nesse assunto por ser muito duro tentar mudar os hábitos das pessoas, acho que a forma foi só uma diferente abordagem e não um desserviço. Enfim, pra mim o documentário me despertou um sentimento de que ser sustentável com o meio ambiente é ser mais consciente socialmente e com isso o menor consumo de carne.

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    1. Obrigada, me senti contemplada, economizei teclado. :)

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    2. Concordo! Foi Cowspiracy que me abriu os olhos dois anos atrás! Até então, ninguém nunca tinha me falado sobre os danos ambientais da carne. Depois comecei a cavar e descobri que o buraco é muito mais embaixo: maus tratos animais... comecei no veganismo por conta do ambiente, mas persisto pela ética de não maltratar outros seres. Depois que comecei a enxergar uma simples galinha ou um peixe como dignos de compaixão, tive uma grande evolução espiritual. Pela primeira vez me senti realmente parte de algo maior. Hoje minha vida é mais plena, graças ao veganismo.

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  6. Relativamente perfeito. Mas, absolutamente necessário

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  7. Atrair adeptos a uma causa com meias verdades é perigoso e pode por em risco a credibilidade da própria causa. Se as pessoas percebem que suas escolhas estão embasadas em informações questionáveis, a própria escolha (no caso, reduzir/repudiar o consumo de carne) torna-se questionável. Mais importante do que ter centenas de pessoas parando de comer carne por uns poucos anos porque "ta na moda" e depois desistindo porque "não causa um impacto tão grande quanto foram levadas a acreditar" é alerta-las para o consumo consciente de modo geral. Isso sim me parece mais efetivo. Por fim, um vegetariano que consome soja transgênica com frequência é tão incoerente (ainda que por desinformação) quanto um ambientalista carnívoro.

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    1. Tão incoerente quanto um ambientalista carnívoro? A maior parte da soja transgênica é produzida para alimentar animais que servem de alimento para quem come carne/leite/ovo.

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  8. Muito bem. Teremos que fazer o corpohumanopiracy, afinal, a civilização é um motor de calor. Eu só me pergunto se tamanho incômodo, a ponto de escrever essa postagem, se deu por um compromisso com a ciência ou por um confrontamento emocional relacionado às suas práticas alimentares :P

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  11. O que me impressiona nem é esse texto sem lógica alguma, e sim a quantidade de pessoas que precisam urgentemente de um motivo para não sentir culpa pelos seus hábitos. O simples fato que na posição mais conservadora a pecuária representar 25% do total de emissão de co2 já a coloca como a maior poluidora e isso é colocado em pauta quando se discute o assunto?? Isso já é uma evidência, as maiores ongs ambientais do mundo não tratarem do assunto é outra evidência e por ai vai... não precisa ir muito fundo no assunto para entender pq muita coisa nos é omitida (inclusive o modus operandi da produção que é protegida por, não podm sequer ser filmadas). Pq grandes empresários da agropecuária comprovadamente financiam campanhas políticas BILIONÁRIAS? Pq colocam em pauta leis como a que criou o Código Florestal? Pqpara fonanci Ongs como Greenpeace?? Me diz, quantas propagandas com algum alimento de origem animal vc viu hoje? Quantas você viu sobre as consequências disso?? Eles são poderosos, conseguem te fazer acreditar que estão certos, mesmo cada evidencia te mostrando completamente ao contrário. Conseguem fazer campanhas publicitárias de seus produtos com animais felizes oferecendo seus corpos aos consumidores sm ninguém dar conta de como isso é insano, nem os amantes dos animais percebem a cegueira que os impedem de enxergar. Enfim, me parece muito mais que as pessoas não querem sair da comodidade e precisam acreditar em textos tão baixos como esse para não mudar, não passam de covardes.

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    1. Melhor comentário!!
      É TRISTE ver que as pessoas sempre estão buscando se apoiar em textos como esses para justificarem suas atitudes.

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    2. Teu comentário é a mais pura verdade. As pessoas não se dispõem a mudar e arranjam meios pra não saírem de ruins. O documentário eu posso dizer que mudou minha vida é minha forma como vejo a indústria, mudou minha forma de comer sendo ele sensacionalista ou não.

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    3. Gente, acho que vocês não entenderam a proposta do texto. O autor não quis dar uma justificativa para as pessoas continuarem seus hábitos alimentares carnívoros, ele apenas quis esclarecer alguns equívocos e dados não revisados trazidos pelo Cowspiracy. A fala da colega aqui em cima "sendo ele sensacionalista ou não" mostra o quanto isso é perigoso! Não podemos aceitar as coisas como se elas fossem verdades absolutas, quando sabemos que existem pontos errados naquela afirmação. Isso é ser leviano. O próprio autor do blog fala sobre os pontos positivos no documentário, também fala sobre, e agora vou tirar uma parte do texto para vocês lembrarem, precisar "falar da pecuária, precisar combatê-la, defender a agroecologia, uma redução significativa do consumo da carne, uma transição alimentar em paralelo à transição energética; que é preciso parar de adiar o debate do sofrimento animal, ligando-o ao debate climático, hídrico, etc.". Ou seja, em nenhum momento o autor quis criar um ar de desculpa para as pessoas recusarem as verdades ditas em Cowspiracy, mas sim trouxe dados que mostram o que realmente é verdade e o que é exagero, e nos alertou para tudo que deve ser feito para ajudar o nosso meio ambiente! A parte que mais gostei do texto foi "não há espaço para veganos andando de SUV e abusando do consumo de bens produzidos em indústrias movidas à queima de óleo, gás e carvão"... Seria muita hipocrisia não acha?!

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    5. Parabéns pelo comentário. Go Vegan.

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    6. Gente, está faltando interpretação de texto aí, hein. Leiam o texto novamente para não tirarem conclusões precipitadas. A Samara fez um apontamento necessário aqui. Em nenhum momento o autor justifica a escolha de comer carne ou não. O problema é se fechar em torno de uma questão apenas.

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    7. Está faltando mais do que interpretação de texto. Está faltando leitura mesmo:
      "E o que estas dizem? Que sim, precisamos falar da pecuária, precisamos combatê-la, defender a agroecologia, uma redução significativa do consumo da carne, uma transição alimentar em paralelo à transição energética; que precisamos parar de adiar o debate do sofrimento animal, ligando-o ao debate climático, hídrico, etc., mas sem uma visão de colonizador; que precisamos criticar quem deve ser criticado no ambientalismo, mas de forma justa e fraterna. E há que se dizer que não se pode colocar o combate à pecuária em primeiro plano isoladamente, quase que em oposição à luta urgente e fundamental para encerrar de uma vez as atividades da indústria fóssil; que não há espaço para veganos andando de SUV e abusando do consumo de bens produzidos em indústrias movidas à queima de óleo, gás e carvão, afirmando claramente que estes precisam ficar no chão; que a crítica precisa ser mais totalizante, compreendendo a contradição insolúvel entre um sistema expansionista de produção de mercadorias e os ciclos e fluxos que compõem o metabolismo do Sistema Terra; que o que está colocado é, emfim, uma guerra de sistemas e não uma "conspiração de vacas"."

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    8. Esse texto, apesar de bem elaborado e com boas fontes, me passa a impressão que o autor esconde algumas "verdades convenientes". Tal qual aquela Monga Coen que afirma ser budisda, mas não é vegana....é o classico "façam o que digo, não o que faço", ou também aquele super ativista do Greenpeace que faz um rotineiro "churrasquinho" pra comemorar alguma conquista de seu grupo. Eu acho que antes de quererem salvar o planeta, precisam salvar a si mesmo.

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    9. Primeiramente, texto excelente, e quero ser breve. Samara Mendonça, Juliana Alvernaz e Alexandre Costa, obrigado pela contribuição. O autor é a favor da redução ou ausência de consumo de carne, principalmente bovina. Porém, antes de tudo, é contra a queima de combustíveis fósseis, e eu estou com ele. Obrigado pelo excelente texto Alexandre.

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    10. Não estou aqui para criticar, porque considero vegan@s e vegetarian@s como aliad@s. Só que as pessoas não entendem que o pior de todos os males é consumismo e o desperdício que o capitalismo nos arremeteu. Vocês tem ideia do quanto é desperdiçado? Do quanto consumimos? Contribuição ao trecho sobre a SUV, para produção de tecidos, especialmente o jeans, são gastos milhares de litros de água, e a produção é altamente poluente. Fica a dica, parem de usar jeans.

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    11. entendo bem o que o autor expressou, alarmar para o agronegócio como um grande e maior vilao, faz com que os outros fomentadores de destruição do meio ambiente se sintam mais confortáveis, e não se pode tirar deles a co-responsabilidade pela degradação do planeta.

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  12. Eu gostei do documentário, contribuindo para eu refletir meus hábitos. Acredito que a única saída e verdadeira cura é a expansão de consciência, a conscientização. Compreendo que problemas centrais da sociedade como os relacionados à educação, a corrupção, e o aquecimento global são um prolblema sistêmico.Entretanto, o sistema é composto pela unicidade, em que se não reavaliarmos nossos hábitos e não mudarmos, nunca progrediremos.
    Foi um bom texto, apesar talvez de ter algumas falhas.

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  13. E acrescentando o meu comentário anterior,eu gostei do texto.
    Seria bom e necessário o autor ou autores do texto produzirem um documentário de conscientização da população, mostrando TODOS os aspectos que promovem o aquecimento global, de maneira profunda, com entrevistas, tendo embasamento estatístico e científico.

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  14. Mais fácil rejeitar alguns dados que promover mudanças efetivas (que mexem em habitos). Texto foi bom pra tranquilizar a consciência de quem quer viver sem culpa pelo desastre ambiental que estamos orquestrando.

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    1. Perfeito. O planeta só encontrara um equilibrio quanto assumirmos nossa parcela de responsabilidade, que é grande, nesse contexto todo, e logico, tomarmos ações pra reparar o que já foi feito.

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    2. Se acha que Leonardos da vida, ongs e afins estão preocupadas com meio ambiente, você é tola demais.

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  15. É muito mais facil massagear o proprio egoismo, do que aceitar a realidade. Não adianta dizer que os poderosos comandam tudo se no fim todos nós acabamos sendo cumplice da existinção de especies, da maldade com animais que são criados não para matar nossa fome, porém para sasiar nossa gula. A mãe terra ta sofrendo, mas os ultimos a sofrerem serão nos mesmos.

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  16. Vc está fazendo um cálculo simples para chegar nos 25%. A criação de gado não envolve só o gado em si. Envolve tb a produção de soja para a alimentação deste gado, o gasto com água, que é muito grande, o transporte desta mercadoria, já que a queima de combustivel fossil tb está atrelada à produção e distribuição da carne, as queimadas e etc. Somando isso tudo , aí sim vc cchega aos mais de 50%.

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    1. Não, meu caro. Esse dado inclui *toda a agropecuária*, incluindo desmatamento, uso de fertilizantes nitrogenados etc.

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    2. Certo...mas vc não expôs essa "planilha de gastos" no texto. Ficou muito generalizado. Dá margens a questionamentos.

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    3. O texto tem o link para dois artigos anteriores do blog que tratam justamente desse tema.

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  17. Os impactos ambientais não se tratam de números e sim do prejuízo que é ocasionado dia após dia sob nossos próprios olhos! Se a pecuária é A MAIOR causadora de impactos ambientais eu não sei, mas sei que o fato de ser UMA CAUSA dos impactos ambientais já a torna um assunto extremamente importante para ser debatido. O documentário pode ter sido sensacionalista mas mudou minha forma de enxergar as Ongs. Se a pecuária não fosse um problema tão grande assim as Instituições falariam sobre ele tranquilamente,não? Pelas expressões faciais dos entrevistados eles não se sentiam confortáveis com aquela pergunta, fato que não seria observado se a pecuária fosse algo tão simples... De qualquer forma não se trata de acreditar ou não nos dados citados no documentário, e sim na mensagem que ele passa sobre como há tanta coisa omitida das pessoas que elas deveriam saber mas não sabem por causa da mídia e do dinheiro. O dinheiro infelizmente move o mundo, sem se importar com a natureza que aparecer no caminho.

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  18. 25 ou 51 % tanto faz! deveria ser citado e combatido pelas ongs ambientalistas! ou 25% dos danos não é o bastante? será que o dinheiro doado pela industria da vaca justifica essa vista grossa? rsrsrs

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  19. Pessoal...que há uma clara manipulação de informações de todos os lados, é obvio. Algo assim como: os vaganistas de plantão fazem barulho contra os carnivores de ocasião, enquanto os tais carnivoros tentam abrandar sua conciencia com justificativas das mais criativas possiveis. Mas isso não é só uma questão dos alimentos. O que dizer do consumo absurdo dos mineiros do planeta pra fazer toda a gama de produtos eletronicos pro nosso consumo. Tal qual esse notebook ou smartphone que usamos pra ler e comentar o texto. Vivemos "tempos liquidos". Boa sorte pra todos nós....vamos precisar.

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  20. Enquanto tem pessoas dando a cara pra bater outros querem botar panos quentes.
    Meu amigo, tenho parentes próximos sojicultores e pecuaristas, e digo com toda certeza que o agronegócio é um universo de ganância visando muito lucro, sem nenhuma consciência ecológica ou sustentável.
    O gado ocupa uma área absurdamente grande por cabeça , tem que ser alimentado com ração complementar (milho transgênico) que ocupa outra grande parte de terra. A mata é derrubada e só se deixando um restinho perto dos rios (obrigatório por lei, senão nem isso), que também acaba sendo destruído pelos bois que comem tudo que alcançam. Se não bastasse ainda matam qualquer bicho ou ave que coma milho das enormes plantações.
    Não vi nenhum exagero e acho que até poderia falar mais coisas como as queimadas para plantar os pastos e os desertos deixados após o enfraquecimento do pasto no Pará e Tocantins.
    Minha gente a coisa é bem séria mesmo....

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    1. Corretíssimo. Só que o autor do texto está atacando diretamente as emissões de CO2, e clama ao fato do documentário ter trazido valores errados da contribuição da agropecuária e queima de combustíveis fósseis, e por fim ter focado tanto na agropecuária quando o verdadeiro vilão das emissões de CO2 é a queima de combustíveis fósseis.

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    2. Daniel, você pode ter parentes ligados ao agronegócio, mas certamente não sabe NADA sobre como se produz alimentos no Brasil, em particular!
      Todo negócio visa lucro, pois é ele que garante a sustentabilidade do negócio, o reinvestimento na fertilidade do solo, em máquinas mais eficientes e menos poluentes, no pagamento justo pela mão de obra utilizada, e principalmente, na capitalização para enfrentar quebras de safra que tem sido cada vez mais frequentes em função das mudanças climáticas!
      Simplesmente atacar o agronegócio brasileiro sem nenhum conhecimento sobre o sistema produtivo que utilizamos aqui é muita prepotência e de uma hipocrisia enorme, pois todos aqui sem exceção consomem alimentos produzidos pelo agronegócio: desafio todos a buscarem informações na Embrapa sobre os modernos sistemas de produção agropecuária que adotamos no Brasil!
      Foi o Brasil que criou o primeiro sistema de produção agrícola tropical do mundo e hoje alimentamos quase 1/5 da população mundial!
      E isso tudo com um sistema de produção muito mais sustentável que nossos pares ao redor do mundo, usando menos combustíveis fósseis pela adoção do SPD e produzindo mais numa área menor: usamos 8% de nosso território, enquanto EUA usa 18% e Europa 40%, e ainda mantemos preservada 2/3 de nossa vegetação NATIVA, sendo 20% dela dentro das propriedades rurais.
      Se o agronegócio é o vilão que todos aqui acusam, sejam coerentes com suas convicções e parem de consumir alimentos produzidos por ele, produzam seu próprio alimento!
      Quanto à discussão sobre o consumo ou não de carne, de fato, é válida e nos inspira a buscar por sistemas produtivos cada vez mais sustentáveis.

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  21. Obrigada pelo texto! Importantíssimo ter um resumo de onde o documentário forçou a barra e errou. Só foi sofrido ler comentários aqui de alguns leitores. Se as pessoas não se comprometem a entender os argumentos do texto, fica complicado de debater. Difícil isso, né?

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  22. Recebi essa indicação por ocasião de um post recomendando o filme em meu "instablog" @sustentaoque. Estou extremamente grata pela ampliação do meu questionamento e comecei a seguir o blog pois me identifiquei imensamente com a complexidade de tudo o que abordo. O filme sai da lista de indicações com todas as suas importantes ressalvas. Gratidão!

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  23. Não consegui ler até o final, texto muito ruim!

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  24. Estranho que...depois da divulgação do documentário, até Deus de manifesta, durante as gravações ele tentava contato com várias instituições ambientais. Talvez se dessem ouvidos antes, teria sido uma matéria com a "imagem" que procuravam. Se foi ou não equivocado os dados aperesentados, talvez ele não tivesse o suporte necessário que buscava, porque não ajudaram será? Triste ganância.

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  25. Gente, quem escreveu este arquivo? Não consegui identificar pelo blog. Está muito bem escrito e coerente, mas queria saber mais sobre o autor!

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  26. Cada árvore q diminui no planeta são trezentos litros d água, q deixa de ser posto atmosfera, logo milhões menos ,tai o resultado.. Chuva depende umidade em circulação, não agua presa em.geleiras ou costa oceânica, deserto sem formam assim é um ciclo regressiva..

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  27. Quer me parecer que assim como na guerra, a principal vítima de toda essa questão ambiental é a verdade, que ninguém sabe com quem está.
    Sempre que aparece um documentário denunciando a maneira irresponsável como lidamos com o planeta,logo depois aparece outro documentário ou estudo dizendo que a reportagem anterior estava equivocada ou no mínimo exagerando,que utilizou de fontes suspeitas. Velha técnica histórica para se lançar dúvidas sobre qualquer um que tente lutar contra poderosos interesses políticos e econômicos,tipo façamos a 'revolução' antes que outros a fação.
    Tento não fazer parte do 'rebanho' (com o perdão do trocadilho) por isso estudo e pesquiso,mas tenho que ter a humildade de admitir que
    fica muito difícil lutar contra tanta desinformação,Sou Pós-Graduado em História e também em Gestão Ambiental e parece que quanto mais estudo, mais longe estou de uma resposta verdadeira.
    Mas às pilhas gigantescas de lixo que vejo ao olhar pela minha janela não deixam dúvidas de que algo está muito errado.

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  28. Deixa eu adivinhar, tudo isso é pra não parar de comer carne, né?

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    1. De modo algum. Tudo isso é para mostrar que uso de informações pseudocientíficas não ajuda nenhuma boa causa e apar mostrar que é preciso parar de comer carne E parar de usar combustíveis fósseis, cuja queima é a principal causa do aquecimento global.

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  29. NETFLIX TEM TODO VIÉS ESQUERDISTA. OS VEGANOS PODEM COMER PEIXE. VEJA O DOCUMENTARIO SEASCONSPIRACY NETFLIX. NÃO DÁ PRA MEXER É NO MAR. mAS os veganos incentivam a sermos predadores no mar - o ecossistema mais fragil

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    1. esse comentário é uma piada, né? "os veganos podem comer peixe", "os veganos incentivam a sermos predadores no mar"???? de onde tu tirou isso???? acho que tu precisa colocar "veganismo" no google. quem é vegano defende libertação animal. se tu estudou biologia de ensino fundamental, tu vai saber que peixe é animal também. mas, de novo, deve ser piada. imitou direitinho tiozão sem noção na internet.

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  30. Excelente texto, buscando sempre base em textos de valor comprovado e, principalmente, fazendo-se valer de análise crítica.

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