terça-feira, 25 de outubro de 2016

Sobre os Graves Erros de Cowspiracy

A indústria da carne produz enormes impactos
ambientais e climáticos, mas, ao exagerá-los,
Cowspiracy termina prestando um desserviço:
confunde e desinforma.
O filme "Cowspiracy" apareceu como uma verdadeira bomba quando foi lançado em 2014. Até hoje é mencionado como um exemplo de financiamento coletivo muito bem sucedido e, tendo conquistado Leonardo DiCaprio como produtor-executivo, estreou no Netflix em 2015, ganhando muita audiência e com uma mensagem (pelo menos aparentemente) contundente. Não cheguei a encontrar informações a esse respeito, mas acredito que a essa altura o público atingido tenha se multiplicado bastante, podendo ter chegado a vários milhões de pessoas. É um fato que o debate alimentar tem sido omitido injustificadamente em vários momentos. E isso quando, juntando-se as emissões de metano e óxido nitroso da agropecuária com o desmatamento, chega-se a aproximadamente um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, não pode permanecer em tal situação. Em nosso blog, abrimos o debate com dois artigos e pretendemos voltar a ele mais extensivamente em outros momentos. Nesse contexto, portanto, considero que seria excelente se o debate do impacto ambiental e climático da produção de alimentos pudesse chegar, de forma didática e precisa, a um público bastante amplo, por meio de um documentário. Seria...

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Apostar em futuras tecnologias de CCS: um erro que pode nos custar o próprio futuro.

3 anos seguidos de quebra de
recorde de temperatura global
praticamente puseram fim ao
negacionismo climático
Posso estar enganado, mas parece estar acontecendo um certo deslocamento na cortina de fumaça em relação à crise climática. Estou sentindo que o negacionismo mais tradicional (e mais estúpido) está perdendo fôlego. Até porque não apenas as evidências científicas estão mais sólidas, mas elas têm revelado que o problema é bem mais grave. Pior do que isso, o aquecimento global deixou de ser algo reservado para um futuro distante, manifestações visíveis das mudanças climáticas já estão aí, desalojando e matando pessoas e produzindo prejuízos econômicos. De fato, com quebras de recordes sucessivos de temperatura média global em 2014, 2015 e agora - já dado como certo pelos principais climatologistas do mundo - em 2016, realmente é estranho alguém permanecer repetindo coisas tão malucas quanto "o planeta está resfriando", "o clima parou de aquecer em 1998", "vamos entrar em uma nova era glacial" e bobagens do gênero...


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O dia 26 de agosto de 2016 será para sempre lembrado. Dica: tem a ver com o CO2.

26 de agosto é aniversário do Palmeiras e de Madre Tereza.
Mas a partir de 2016 ficará marcado por algo impressionante.
O dia 26 de agosto de 2016 vai entrar certamente para a história. Mas não por conta do 106º aniversário de nascimento de Madre Tereza de Calcutá ou do 102º aniversário de fundação da Sociedade Esportiva Palmeiras. Tampouco será por nesse dia terem-se completado 227 anos desde que a Assembléia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão"...


segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Política energética nos EUA: Clima em Perigo

EUA: canalha negacionista defensor do carvão versus candidata
que aceita a Ciência do Clima mas mantém pesados compromis-
sos com a indústria fóssil, especialmente do gás natural. E aí?
No próximo dia 08 de novembro, a população dos EUA irá às urnas, tendo duas candidaturas com chances reais de vitória: o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, que derrotou, num processo bastante questionável, a pré-candidatura de Bernie Sanders, que tinha um conjunto de propostas bastante adequadas para o enfrentamento das mudanças climáticas.

A conjuntura em que se dá a disputa presidencial é crítica para o clima global, pois embora o Acordo de Paris seja claramente insuficiente para a solução da crise climática (o que foi exaustivamente demonstrado em nosso blog em uma série de artigos), o país o ratificou, juntamente com a China. Embora as mudanças climáticas estejam ficando praticamente de fora dos debates, a questão energética entrou como um dos tópicos do debate realizado agora há pouco. Infelizmente, o que o debate revelou nesse quesito é que temos muitos motivos para nos preocuparmos qualquer que seja o desfecho das eleições.

sábado, 8 de outubro de 2016

Recordes de temperatura literalmente de outro mundo.

Gráfico gerado a partir dos dados de Marcott et al. (2013),
adaptados por Tamino. Fonte: "Skeptical Science", no link:
www.skepticalscience.com/marcott-hockey-stick-real-skepticism.html
Há 3 anos, surgiram, na literatura científica, evidências de que já havíamos atingido temperaturas médias globais acima de quaisquer outras durante o Holoceno (época geológica correspondente aos últimos 10 mil anos de relativa estabilidade no clima e que agora deu lugar ao Antropoceno). Levantamentos robustos, como os apresentados por Marcott et al. (2013) mostravam já naquele momento que ultrapassávamos o chamado "Ótimo Climático do Holoceno Médio", intervalo de tempo naturalmente mais quente do que os anos pré-industriais ocorrido há ~6000 anos (vide figura).

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Um Nordeste mais árido: outro provável legado das mudanças climáticas

Capa e verso do número mais recente da Revista Brasileira de
Meteorologia, que inclui artigo sobre projeções de balanço
hídrico sobre o Nordeste ao longo do século XXI.
O artigo "Projeções de Mudanças Climáticas sobre o Nordeste Brasileiro dos Modelos do CMIP5 e do CORDEX" de autoria de Guimarães et al. (o primeiro autor, Sullyandro Guimarães, foi meu orientando de mestrado e eu, junto com outros colegas e ex-alunos, sou um dos co-autores) foi recém-publicado na Revista Brasileira de Meteorologia. Até onde sei é a primeira análise de fôlego usando conjuntamente os dados disponíveis do CMIP5 (Coupled Model Intercomparison Project, 5th Phase), isto é, modelos globais e do CORDEX (Coordinated Regional Climate Downscaling Experiment), isto é, modelos regionais, voltada para a região. O conjunto de simulações inclui as "rodadas" feitas por nosso grupo de pesquisa aqui mesmo na Universidade Estadual do Ceará e aproveito o espaço não apenas para divulgar o trabalho e aproveitar para falar um pouco da modelagem climática feita para e por estas bandas, como também para agradecer a todos que o compõem. Devo dizer, porém, que, entrando no que realmente interessa, o "clima" de comemoração encerra aí, afinal o resumo do artigo encerra falando de uma "tendência de aumento de aridez sobre o NEB durante este século". Antes porém, de falar de porque devemos considerar seriamente os resultados do "Sullas" (como carinhosamente o chamamos) para o fim do século, vamos falar do contexto atual, de uma seca provavelmente inédita.

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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