sábado, 8 de junho de 2019

A declaração de guerra do capital contra a natureza. Parte III: Caos climático

A civilização humana é filha de um clima estável. Mas está
arruinando com ele.
A humanidade é filha de um clima particularmente estável, que emergiu há pouco mais de onze mil anos com o encerramento da última glaciação (ou “era do gelo”). (1) Foi a regularidade da chuva, das estações, o comportamento cíclico de plantas e animais, enfim, a previsibilidade do comportamento da natureza que permitiu a mulheres e homens de nossa espécie se estabelecessem em assentamentos fixos, que promovessem domesticação de espécies vegetais e animais e desenvolvessem a agricultura e a pecuária. Daí, vieram as cidades, as civilizações, as sucessivas revoluções industriais, até chegarmos no mundo capitalista globalizado de agora.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A declaração de guerra do capital contra a natureza. Parte II: Biosfera encurralada

"Em menos de cinco décadas, o mundo assistiu à terrível redução
de 60% nas populações silvestres de vertebrados, levando incontá-
veis espécies à ameaça de extinção ou à sua extinção efetivamente."
O capitalismo requer cada vez mais território a fim de suprir a demanda crescente de matéria e energia necessária para sua reprodução ampliada. A ocupação de terras para atividades humanas, seja a mineração, a instalação de cidades, infraestruturas que incluem estradas, barragens etc. ou principalmente áreas para agropecuária, vem encurralando a biosfera terrestre contra a parede.

Globalmente, essa ocupação territorial tem sido responsável por um verdadeiro encolhimento da vida silvestre. Hoje, existem 51 milhões de quilômetros quadrados de terra “domesticada”, contra 39 milhões de quilômetros quadrados de florestas. Para citar o exemplo mais próximo, em menos de cinco décadas, o Brasil perdeu mais de 20% da Amazônia e impressionantes 50% do cerrado (1). Sim, o mesmo agro, que assassina indígenas e sem-terra, que financia esquemas de corrupção, que se apropria da água para irrigação, que envenena o alimento e ajuda a bancar a radicalização à direita da política do País, é a maior ameaça à biodiversidade, riqueza impossível de se traduzir em dinheiro.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

A declaração de guerra do capital contra a natureza. Parte I: A Grande Aceleração

"A característica fundamental da Grande Aceleração é colocar
o Sistema Terra para além dos seus limites. É uma declaração
de guerra à natureza."
O capitalismo é um sistema econômico eminentemente expansionista. O crescimento é uma condição necessária do seu funcionamento e existência, à medida em que a lógica, desvendada por Marx no século XIX, é usar o dinheiro para ganhar mais e mais dinheiro, às custas da exploração da força de trabalho e da espoliação da natureza.

Uma contradição inevitável desse sistema é a acumulação de riqueza nas mãos de um punhado cada vez menor de capitalistas ao lado da exclusão de amplas massas da riqueza produzida a partir de seu próprio trabalho. Mas o que não era evidente há um século e meio é que além dessa contradição interna, o sistema capitalista rapidamente faria emergir, com toda força, uma outra, ainda mais incontornável: o seu antagonismo com o próprio “Sistema Terra” [1].

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