segunda-feira, 30 de março de 2015

Entrevista com Naomi Klein: "O que estamos a desmantelar agora é o nosso próprio planeta"

Apresentamos entrevista concedida por Naomi Klein, jornalista e uma das mais destacadas ativistas climáticas do presente, à revista Der Spiegel. A entrevista (traduzida a partir do inglês) toca em vários pontos abordados em seu livro "This changes everything: capitalism vs. the climate" (“Isto muda tudo: o capitalismo contra o clima”) e por vezes chega a mostrar a tensão em torno do tempo. Naomi Klein relaciona claramente a crise climática ao poder das corporações e chega a tocar em como a lógica de dominação sobre a natureza está associada à própria ideologia do patriarcado. Imperdível.
------------------------------------------
Der Spiegel: Naomi, por que não conseguimos deter a mudança climática?
Naomi Klein: Má sorte. Mau momento. Muitas coincidências infelizes.
Spiegel: A catástrofe errada no momento errado?

sexta-feira, 27 de março de 2015

Água e Clima: Muito a comunicar, Muito por lutar

"Colapso Hídrico e Ecossocialismo". Na mesa, a partir da es-
querda, eu, Prof. Alexandre Pessoa, Deputado Estadual Flávio
Serafini, Vereador Renato Cinco, Profa. Flávia Braga e Prof.
Carlos Vainer.
Reproduzo aqui meu artigo publicado no site da Fundação Lauro Campos, por ocasião do Dia Mundial da Água e aproveito para falar de outras atividades que tenho desenvolvido. É que a agenda das últimas semanas têm sido bastante intensa. No início do mês estive em Canindé para uma reunião e em Santa Quitéria para uma palestra. No Dia 16/03, Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, me fiz presente em Audiência Pública na Assembleia Legislativa do Ceará, onde tive oportunidade de mostrar à Presidente da Comissão de Meio-Ambiente e ao Secretário do governo estadual e a todos/as presentesos dados absurdos de emissões de CO2 e consumo de água por uma única termelétrica, para na sequência seguir ao Labomar, instituto vinculado à Universidade Federal do Ceará, para uma palestra no evento "Crise Hídrica: a gota d'água!". No Dia 21/03, participei de debate na FM Universitária (um encontro emocionante de ciência com poesia, ao lado de Henrique Beltrão e João Figueiredo), cujo áudio está disponível online e em mesa, em evento do RUA-Juventude Anticapitalista junto com a liderança indígena Clécia Pitaguary. Três dias depois, integrantes do Fórum Ceará no Clima fizemos uma tentativa de entrega da petição contra o subsídio da água para a UTE-Pecém e visitei minha eterna casa, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (pertenci aos quadros da instituição por mais de uma década e meia e hoje vários dos estudantes que foram orientados por mim estão vinculados a ela), para palestrar sobre o Dia Meteorológico Mundial com o tema "Clima: Conhecer para Agir". E a agenda segue, ontem e hoje no Rio de Janeiro (ontem, ocorreu a mesa "Colapso Hídrico e Ecossocialismo", no Plenário da Câmara Municipal). Oxalá seja um sinal de que o debate ambiental e as profundas (e incômodas, reconheço) reflexões que ele traz para as esferas econômica e política estejam deixando de ser objeto de preocupação de meia dúzia.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Termelétricas: Números Estarrecedores, Crime contra o Clima!

Sinceridade, mas só em parte. a ex-Humble, hoje Exxon, bem
que podia realmente colocar o quanto de gelo ela é capaz de
derreter, através do CO2 que emite. A conta certamente sur-
preenderia o mais "catastrofista" dos ativistas!
Tive minha atenção chamada hoje por uma imagem compartilhada através da página da People and Climate no Facebook. Eram duas páginas de anúncio de 1962, da Humble, companhia de petróleo que mais tarde veio a se chamar... Exxon! A frase, em tom altissonante, em tradução livre, é "a cada dia a Humble provê energia em quantidade suficiente para derreter 7 milhões de toneladas de geleiras". É um número impressionante, que já mostrava a pujança da antecessora da maior petroquímica dos EUA há 5 décadas, mas parece uma estranha manifestação de "honestidade" da parte de uma das companhias que mais financiam o negacionismo climático hoje em dia. Claro, o que a hoje Exxon queria mostrar é que ela produzir muito petróleo, mas seria interessante que a sinceridade fosse real e ela mostrasse o quanto de geleiras o CO2 por ela emitido efetivamente derrete!

sábado, 21 de março de 2015

Depois dos Achacadores, os Açaimadores... do Clima

Obra de Marcus Schinwald:
Grita (2010)
Na semana, um bate-boca entre o agora ex-ministro Cid Gomes (Cid, o Breve) e o presidente do Congresso Nacional mais corrupto e reacionário desde a ditadura empresarial-militar, Eduardo Cunha, dominaram as manchetes. Cid Gomes (cuja história não o credencia exatamente como um acusador coerente) havia posto em evidência um termo pouco usado na língua portuguesa, ao considerar que centenas de parlamentares se postavam cumpriam papel de "achacador", ou seja, aquele que chantageia, extorque, ameaça, para fins de vantagem financeira. Mas enquanto os achacadores do Congresso brasileiro com Cunha à frente exibiam sua força política e o PMDB mostrava que só não tem seu lugar garantido no inferno por conta do temor que o demônio deve nutrir só em pensar em entregar a vice, a direção da Petroinferno e o Ministério das Caldeiras e Tridentes, indivíduos tão perigosos quanto agiam...


terça-feira, 17 de março de 2015

Porque emissões de CO2 "congeladas" não podem ser motivo de comemoração, mas de luta!

A Agência Internacional de Energia anunciou que as emissões
de CO2 do setor de energia não cresceram de 2013 a 2014.
Mas há razões para euforia?
A IEA anunciou há poucos dias e a mídia e vários sites ligados a organizações e movimentos ambientalistas difundiram, que as emissões de CO2 haviam parado de crescer (na verdade, para sermos mais exatos, as emissões do setor de energia não cresceram de 2013 para 2014, sendo que o relatório completo, incluindo o setor de produção de cimento, só deverá ficar pronto em Junho). O crescimento de emissões já havia sido considerado modesto há um ano, porque os 35,3 bilhões de toneladas de CO2 emitidas em 2013 foram "apenas" 2% maiores do que os 34,6 bilhões de toneladas de 2012... Com efeito, esse aumento já havia sido menor tanto do que o crescimento da economia (que foi de 3,1% naquele período) quanto do que o aumento médio da década passada (de 1,1 bilhões de toneladas, ou de 3,8% ao ano).

Em sua grande parte, houve entusiasmo junto ao movimento ambientalista, mas a mim parece que a necessidade de celebrar pequenas vitórias para manter o nosso ânimo e reduzir o fardo psicológico dos revezes ambientais (e também os revezes em direitos, na luta pela igualdade, justiça e democracia) pode nos jogar para um terreno arriscado, que é o de enxergar essas pequenas vitórias onde elas de fato não existem.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Negacionismo: Apague essa ideia!

Contar com meia dúzia de "cientistas" vendilhões e pseudo-
especialistas para semear a dúvida não é novidade. A indústria
fóssil está imitando a indústria tabagista. O que é lamentável é
o truque "colar" outra vez!
O cigarro causa câncer. Na verdade, dados do Instituto Nacional do Câncer são cristalinos: o tabaco é responsável por 23 óbitos por hora em nosso país; incluindo um quarto das doenças vasculares (incluindo derrame cerebral) e das mortes por angina e infarto do miocárdio (quase metade na faixa abaixo de 65 anos), pela quase totalidade de mortes por bronquite crônica e enfisema pulmonar (85%) e câncer no pulmão (90%, sendo que fumantes passivos representam um em cada três entre os 10% restantes), por quase um terço das mortes decorrentes de formas diversas de câncer (boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, etc.). São nada menos do que 4700 substâncias tóxicas identificadas na fumaça do cigarro (50 das quais comprovadamente carcinogênicas): monóxido de carbono, que gera um composto estável que bloqueia as funções da hemoglobina e é produzido abundantemente pela combustão, cianeto de hidrogênio (o mesmo gás das câmaras de execução), benzeno (cancerígeno, frequentemente ligados a casos de leucemia em trabalhadores do ramo petroquímico), nitrosaminas, cetonas, xileno, tolueno (ou seja, solventes para desde esmaltes de unha até tinta industrial), compostos orgânicos policíclicos, terebentina, alcatrão, níquel e metais pesados (arsênio, cádmio etc.)... A lista é interminável.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Dia Meteorológico Mundial: A WMO se pronuncia sobre a crise climática

Poster do Dia Meteorológico Mundial de
2015, promovido pela WMO
A Organização Meteorológica Mundial (ou World Meteorological Organization) escolheu o tema "Conhecimento sobre o Clima para Ação pelo Clima") para o chamado "Dia Meteorológico Mundial" (23/03). A organização é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas, conta com 191 países afiliados e atua como facilitadora da troca de dados e serviços de previsão e monitoramento. Sua ênfase, portanto, é no acompanhamento operacional do tempo e do clima, e não em mudanças climáticas. Assim, a escolha do tema adquire ainda importância ainda maior e a declaração de Michel Jarraud, Secretário-Geral da instituição mostra-se cristalina e enfática: "o custo da inação é alto e se tornará ainda mais alto se não agirmos imediata e resolutamente".

Nesse contexto, fica ainda mais injustificado que um negacionista como Molion utilize o fato de um dia ter ocupado uma posição junto à WMO há quase uma década (como membro de um de seus grupos gestores) para conferir alguma autoridade para seu proselitismo anticiência. Da mesma forma, mostra-se que as posições do atual presidente da SBMet estão abertamente deslocadas, como discutimos em artigo anterior em nosso blog.

A declaração completa e outros materiais podem ser obtidos a partir do site da WMO, e a tradução da declaração para o Português é apresentada a seguir:

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

Mais populares este mês